A construção de um novo aterro sanitário no bairro de Matlemele, município da Matola, está a acender o sinal de alarme entre os moradores, que denunciam falta de transparência, ausência de consulta pública e receios quanto ao impacto ambiental e social da infraestrutura.
Apesar das obras já estarem em andamento desde o mês passado, os residentes dizem ter sido apanhados de surpresa. Ao lado da placa oficial do projecto, ergueram-se dísticos de protesto, refletindo o clima de tensão que cresce a cada dia.
“Queremos ser ouvidos. Não podemos aceitar que decidam por nós algo que vai afetar diretamente as nossas vidas”, declarou o chefe da Comissão dos Moradores, durante uma reunião convocada no domingo.
O aterro está a ser construído pelo Município da Matola, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), e pretende descongestionar o atual aterro de Hulene, em Maputo, que há anos opera acima da sua capacidade.
Segundo Aurélio Salomão, vereador para o Planeamento Territorial, trata-se de uma infraestrutura moderna, desenhada para “não representar risco ambiental nem para a saúde pública”. Salomão garantiu ainda que será realizada, nos próximos dias, uma sessão pública de esclarecimento com técnicos, autoridades municipais e a comunidade local.
A proposta não convenceu os moradores, que exigem mais do que promessas: querem acesso ao estudo de impacto ambiental, garantias legais de segurança, e a suspensão imediata das obras até que haja consenso.
“Não se pode construir um aterro ao lado das nossas casas sem perguntar nada. Isso é uma violação do nosso direito à participação”, afirmou uma moradora, visivelmente indignada.
A reunião entre autoridades e a população será decisiva para o futuro do projecto, que corre o risco de ser travado por pressões sociais e legais, caso não haja diálogo efetivo e inclusivo.