Mais de 290 mil alunos estudam ao relento só em Nampula

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A província de Nampula enfrenta um dos maiores desafios educacionais do país: cerca de 290 mil alunos frequentam as aulas ao relento, estudando debaixo de árvores, expostos ao frio matinal, calor escaldante e outras adversidades climáticas. A denúncia foi feita esta semana por William T., em representação ao Ministério da Educação e Cultura, que alertou para a urgência de soluções.

Dados oficiais apontam que pelo menos 3.400 turmas em Nampula decorrem fora das salas de aula formais, muitas vezes sem carteiras, lousas ou sequer sombra adequada. As crianças assistem às aulas sentadas no chão, o que compromete tanto a sua saúde quanto o seu rendimento escolar.

“Estamos a trabalhar como Governo, como Direcção Provincial da Educação e com os nossos parceiros para ver se conseguimos minimizar esta situação que nos preocupa bastante”, disse o representante.

Médico generalista apontam que existem implicações de estudar nessas condições. Segundo ele, as crianças estão vulneráveis a doenças respiratórias, alergias, infeções da pele e golpes de calor, devido à exposição prolongada ao sol e ao frio. Além disso, o ambiente inapropriado afeta diretamente o processo de ensino-aprendizagem.

“Quando uma criança tem de lidar com o desconforto físico e com fatores externos como calor excessivo ou frio intenso, a concentração diminui e o rendimento escolar cai consideravelmente”, explicou o especialista.

O Governo reconhece o desafio e garante que estão em curso ações para mobilizar recursos e parcerias com organizações nacionais e internacionais, com o objetivo de construir salas de aula, melhorar a infraestrutura escolar e garantir um ambiente de aprendizado mais digno.

“Apesar das limitações orçamentais, temos estado a priorizar a construção de salas de aula, especialmente nas zonas rurais onde o problema é mais grave”, afirmou William T.

A crise da infraestrutura escolar em Moçambique não é nova, mas tem-se agravado com o crescimento populacional acelerado e a urbanização desorganizada. A província de Nampula, por ser uma das mais populosas do país, sente o impacto de forma mais acentuada.

Organizações da sociedade civil e entidades internacionais já alertaram que a falta de condições básicas de ensino pode agravar os índices de analfabetismo, perpetuar o ciclo de pobreza e dificultar os esforços de desenvolvimento sustentável.

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