O grito de socorro veio da sala dos professores. Exaustos e sobrecarregados, os docentes da província de Maputo estão fartos de esperar por aquilo que lhes é de direito: horas extraordinárias por pagar, subsídios de funeral esquecidos e promessas que não saem do papel.
Foi com esse desabafo que o Secretariado Provincial da Organização Nacional dos Professores (ONP) se apresentou ao governador Manuel Tule, exigindo respostas concretas e medidas imediatas.
“Trabalhamos até tarde, damos tudo pela educação, mas continuamos a ser tratados como invisíveis”, desabafou um representante da ONP.
Em tom conciliador, Manuel Tule garantiu que o executivo está a movimentar esforços para regularizar os pagamentos em atraso e reafirmou o compromisso com a valorização dos docentes. Mas, entre promessas e discursos, os professores querem ver acções concretas.
“O tempo das palavras já passou. Agora precisamos de justiça”, reforçou um dos representantes da ONP.
A reunião com o governador também serviu para abordar outro ponto crítico: vídeos de alunos em comportamentos impróprios estão a inundar as redes sociais. Do uso de álcool a actos de violência, o ambiente escolar começa a dar sinais de alarme.

Tule, visivelmente preocupado, apelou aos professores para reforçarem a vigilância e o acompanhamento pedagógico. Mas muitos argumentam que sem condições dignas de trabalho, essa missão torna-se hercúlea.
O cenário atual levanta uma questão séria: quem cuida de quem cuida do futuro? Se os professores continuam a ser negligenciados, que tipo de educação se está a construir para as gerações vindouras?
A província de Maputo vive um momento decisivo no setor da educação. A bola está agora do lado do Governo — resta saber se responderá com ações, ou se continuará a escrever promessas a giz.