Durante a Conferência MozExport Regional Norte, realizada na cidade de Nampula, o Presidente do Conselho Empresarial Provincial (CEPE), Mohomed Yunuss, fez soar o alarme: o Porto de Nacala, uma das maiores apostas logísticas do país, está longe de atingir o seu verdadeiro potencial.
A denúncia não foi apenas técnica, mas carregada de frustração. Yunuss pintou um cenário em que barreiras estruturais, taxas aduaneiras elevadas e burocracia excessiva transformam um dos portos mais promissores da África Austral numa travessia de obstáculos.
“Temos uma posição geoestratégica invejável, mas continuamos a ser reféns de entraves que desincentivam o investimento. Queremos um Porto de Nacala mais acessível, mais competitivo e mais dinâmico”, afirmou, perante um auditório repleto de empresários, autoridades locais e parceiros de cooperação.
O Porto de Nacala, com acesso natural às águas profundas do Oceano Índico e conexão ferroviária à região do Tete e Malawi, é visto como chave para transformar o norte de Moçambique numa zona de exportação de excelência. No entanto, segundo o CEPE, a existência de apenas um terminal especializado de contentores em todo o país limita fortemente as operações logísticas.
Além disso, as altas taxas alfandegárias e os processos morosos de despacho tornam o uso do porto menos atraente, inclusive para operadores regionais que poderiam alavancar as exportações agrícolas e industriais do corredor norte.
Mohomed Yunuss foi mais longe, lembrando que as recentes calamidades naturais, com destaque para dois ciclones devastadores, deixaram um rasto de destruição em estradas, pontes e infraestruturas logísticas cruciais.
“Temos vias intransitáveis, pontes cortadas e uma logística gravemente danificada. Não se pode falar de crescimento económico se os nossos produtos não conseguem sair das zonas de produção”, alertou o dirigente, defendendo um plano urgente de reconstrução e resiliência climática.
Mais do que reivindicações, Yunuss deixou um apelo à colaboração estratégica entre o sector público e o sector privado.
“O Estado deve olhar para os empresários como parceiros e não como adversários. Só juntos podemos impulsionar o desenvolvimento económico sustentável”, afirmou, apelando a um novo paradigma de diálogo, confiança mútua e co-responsabilidade.
A MozExport Norte é uma iniciativa que visa promover a exportação de produtos nacionais com valor agregado, reforçando o papel das infraestruturas como o Porto de Nacala no posicionamento competitivo de Moçambique no mercado africano e global.