A poucos metros de casas luxuosas e condomínios murados, cerca de 500 famílias em 10 quarteirões do bairro Chiango, na cidade de Maputo, vivem uma realidade alarmante: o consumo diário de água contaminada.
Apesar da crescente urbanização e do boom imobiliário na zona da Estrada Circular, o acesso a um recurso essencial como a água potável continua a ser um privilégio distante para muitos. As famílias afectadas denunciam anos de abandono e promessas não cumpridas por parte das autoridades, enquanto mansões com piscinas e rega automática prosperam ao redor.
“O governo não nos vê. Só vê os ricos que constroem aqui”, lamenta uma moradora de longa data.
Os residentes relatam sintomas de doenças de pele, problemas gastrointestinais e até surtos de diarreia, especialmente entre crianças e idosos. Mesmo assim, a única opção continua a ser o consumo da água suja, oriunda de poços artesanais, sem qualquer tratamento adequado.

Alguns moradores percorrem quilómetros até bairros vizinhos em busca de fontes mais seguras, enquanto outros optam por ferver a água — uma prática que, embora ajude, nem sempre garante a eliminação total de agentes patogénicos.
As famílias lançam um novo apelo urgente às autoridades municipais e nacionais: “Queremos água limpa para viver com dignidade.”
A crise hídrica em Chiango é um lembrete gritante de que, mesmo entre o crescimento urbano e as obras de betão armado, a desigualdade social continua a escorrer pelas torneiras vazias da cidade.