O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, expressou forte preocupação com a crescente utilização de crianças por grupos terroristas para a execução de ataques e outras incursões violentas nas comunidades da província.
Segundo Tauabo, os insurgentes têm recorrido a raptos de menores, obrigando-os a servir como escudos humanos durante confrontos com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) e tropas aliadas. Esta estratégia, disse o dirigente, visa dificultar a ação militar, explorando o receio natural de que crianças sejam feridas durante operações de combate.
Falando na língua emakua, o governador dirigiu-se diretamente às comunidades, pedindo uma vigilância redobrada sobre crianças e jovens, especialmente nas zonas mais vulneráveis.
“Os terroristas não têm limites. É nossa obrigação proteger as nossas crianças para que não estejam na mira destes criminosos”, alertou.
Tauabo apelou ainda a pais e encarregados de educação que conversem abertamente com os filhos sobre a situação que a província enfrenta, reforçando a consciência do perigo e desencorajando qualquer aproximação aos insurgentes.
Organizações internacionais de direitos humanos têm vindo a denunciar, desde 2017, o uso de crianças-soldado em zonas de conflito, apontando Cabo Delgado como uma das regiões mais afetadas pelo fenómeno em África. Além de serem usadas como combatentes, muitas destas crianças sofrem abusos físicos e psicológicos, ficando marcadas para toda a vida.
Especialistas em segurança sublinham que a prevenção passa por fortalecer as redes comunitárias de vigilância, aumentar a presença de autoridades nas áreas de risco e promover programas de reintegração para menores resgatados.
O governo provincial reafirma que, apesar dos desafios, continua a trabalhar em estreita colaboração com as FDS, organizações humanitárias e líderes comunitários para travar o avanço dos grupos extremistas e resgatar crianças em cativeiro.
“A luta não é apenas militar, é também social e humana. Proteger a infância é proteger o futuro de Cabo Delgado”, concluiu Tauabo.