A beleza natural da costa de Inhambane, conhecida pelas suas praias paradisíacas e biodiversidade marinha, está a ser posta em risco não apenas pelas alterações climáticas, mas também pela ação irresponsável do próprio homem. O alerta foi lançado neste sábado pelo Procurador-geral da República, Américo Letela, durante uma visita à praia da Barra, uma das mais emblemáticas da região.
Segundo o magistrado, grande parte da destruição observada não resulta apenas de fenómenos naturais, mas sim de um padrão humano recorrente: a ocupação ilegal de áreas ambientalmente protegidas.
“Temos que evitar construções em zonas proibidas por lei, sobretudo nas áreas de proteção ambiental. A natureza responde quando invadimos o seu espaço e os danos tornam-se difíceis de conter. Para prevenir tragédias maiores, é fundamental respeitar a legislação ambiental”, afirmou Letela.
O Procurador-geral assegurou que o Ministério Público, em articulação com outras entidades competentes, irá reforçar a fiscalização costeira. O objetivo é travar construções ilegais, evitar a degradação progressiva da linha de costa e garantir a proteção dos ecossistemas marinhos.
“Não podemos permitir que interesses pessoais se sobreponham ao equilíbrio da natureza. O homem não pode continuar a destruir os ecossistemas marinhos impunemente”, reforçou.
Inhambane é um dos maiores polos turísticos de Moçambique, mas a pressão por novos empreendimentos, muitas vezes erguidos em zonas vulneráveis, acelera a erosão e ameaça espécies marinhas. Especialistas ambientais têm vindo a alertar que, sem uma ação coordenada, a província poderá perder parte significativa do seu património natural e, com isso, o potencial turístico que sustenta a economia local.
A visita do Procurador-geral pretende servir de chamada de atenção não apenas às autoridades, mas também à população e investidores, para que assumam um compromisso conjunto em defesa da costa.
Enquanto o mar avança sobre a terra e engole infraestruturas, fica cada vez mais claro que a sobrevivência da linha costeira depende da mudança de atitudes humanas.