Cabo Delgado voltou a ser palco de violência e terror. Pelo menos três camponeses foram decapitados por um grupo de insurgentes armados no distrito de Metuge, província moçambicana que desde 2017 vive sob o espectro da guerra.
Segundo relatos de sobreviventes, os rebeldes atacaram um grupo de 10 agricultores na passada sexta-feira, 15 de agosto, durante o dia, enquanto estes colhiam cereais e cortavam bambus na zona de produção de Nampipi, localizada a cerca de 50 quilómetros da sede distrital de Metuge.
A ofensiva espalhou o pânico:
- Três homens foram capturados e decapitados no local;
- Sete camponeses conseguiram escapar com vida, refugiando-se em aldeias vizinhas.
Os corpos das vítimas foram enterrados neste sábado, em cerimónia conduzida pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). Testemunhas relatam que uma força conjunta acompanhou o processo, reforçando a presença militar na região após o ataque.
Um dos sobreviventes, visivelmente abalado, relatou:
“Uma das vítimas foi morta na sua machamba. As outras estavam a cortar bambus quando foram surpreendidas. O meu tio conseguiu escapar e agora está em minha casa. Ele perdeu tudo e agora tenta vender o pouco que restou da sua comida.”
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado enfrenta uma insurgência violenta, marcada por assassinatos brutais, sequestros, destruição de aldeias e deslocamento em massa de populações. O grupo terrorista, com ligações ao autoproclamado Estado Islâmico, reivindica vários dos ataques que já ceifaram milhares de vidas e obrigaram mais de um milhão de pessoas a fugir das suas casas.
Apesar das operações militares moçambicanas com apoio de forças estrangeiras da SADC e do Ruanda, os insurgentes continuam a realizar incursões inesperadas, mantendo a população rural em permanente estado de medo.
Este ataque em Metuge é mais um sinal de que a paz em Cabo Delgado continua frágil e que a população local permanece exposta à violência, mesmo em atividades básicas como trabalhar a terra ou recolher bambu.