PRM admite ter baleado um jovem em Nampula

Polícia de Moçambique confirma que jovem foi baleado durante perseguição em Nampula. PRM classifica o disparo como não intencional e promete investigação rigorosa. Sociedade civil exige responsabilização.

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Um episódio que começou como uma simples operação de rotina da Polícia da República de Moçambique (PRM) terminou em tragédia e está agora a levantar sérias questões sobre a forma como a corporação atua nas ruas. Um jovem foi baleado durante uma perseguição policial na cidade de Nampula, e a polícia classifica o disparo como “não intencional”.

Segundo a porta-voz da PRM em Nampula, Rosa Chauque, o incidente ocorreu quando uma patrulha deu ordem de paragem a uma motorizada com dois ocupantes. Os jovens, no entanto, ignoram a ordem e decidem fugir em contramão, desencadeando uma perseguição.

“Os agentes efetuaram disparos para forçar a imobilização, mas não se aperceberam de que um dos tiros tinha atingido o jovem. Só mais tarde, através do Hospital Central de Nampula, tivemos conhecimento de que a vítima procurou assistência médica após ser alvejada”, afirmou Chauque, em conferência de imprensa.

De acordo com relatos recolhidos, a perseguição ocorreu em plena madrugada, numa zona de intenso movimento de motorizadas. Na tentativa de parar os suspeitos, os agentes da PRM dispararam vários tiros de advertência. Um desses projéteis, segundo a versão oficial, acabou por atingir inadvertidamente um dos jovens.

A vítima conseguiu chegar, com apoio de terceiros, ao Hospital Central de Nampula, onde recebeu os primeiros socorros.

Em resposta às críticas que começaram a circular nas redes sociais, a PRM garantiu que o caso não ficará sem resposta.

“Estamos em contacto permanente com a família da vítima e destacámos uma equipa de investigação para apurar as circunstâncias reais do disparo. Queremos transparência e verdade”, assegurou Chauque.

A corporação promete ainda avaliar se houve excesso de uso da força por parte da patrulha, admitindo que “erros operacionais” podem ter consequências trágicas.

O incidente já está a provocar ondas de indignação em Nampula e em outras províncias, com várias vozes da sociedade civil a questionarem a formação, disciplina e protocolos de atuação da PRM.

Organizações de direitos humanos lembram que não é a primeira vez que cidadãos acabam feridos ou mortos em situações de perseguição. Para muitas famílias, o medo de ser confundido com criminoso é cada vez mais real.

Nas redes sociais, multiplicam-se as críticas à corporação, com cidadãos a exigir responsabilização dos agentes envolvidos e maior rigor no cumprimento das regras de uso da arma de fogo.

Enquanto a vítima segue sob cuidados médicos, a expectativa recai agora sobre o relatório da equipa de investigação. A PRM promete tornar públicos os resultados, mas a pressão cresce para que o caso não seja apenas mais um número nas estatísticas.

Seja acidental ou não, o disparo que atingiu o jovem em Nampula voltou a expor a frágil relação entre polícia e comunidades, num país onde a confiança nas instituições continua a ser posta à prova.

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