Um silêncio sagrado foi quebrado à força na madrugada desta quinta-feira (24), quando um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM), afecto à Direcção de Investigação Criminal (DIC), foi flagrado a invadir a residência episcopal de Nampula, onde vive o Arcebispo Dom Inácio Saúre.
O suspeito, identificado como Ramadane Carlos, vestia uma camisola da corporação e terá entrado pelas traseiras, escalando uma janela lateral por volta das 04 horas e 25 minutos da manhã. Segundo fontes próximas da segurança do arcebispo, o intruso já se encontrava dentro do quarto VIP da casa episcopal quando foi surpreendido pela equipa de vigilância.
Ainda não está claro se o objectivo era roubo, intimidação ou outro acto de natureza obscura. Mas o facto de o suspeito pertencer à própria força policial levanta sérias interrogações sobre a integridade e disciplina interna na PRM, particularmente nos seus sectores sensíveis como a DIC.
“É um caso gravíssimo. A polícia deve proteger, não intimidar”, comentou um membro da comunidade católica local, sob anonimato.
A rápida intervenção da segurança privada da residência episcopal impediu danos maiores. O agente foi imediatamente detido e entregue à subunidade policial de Napipine. Até o momento, nenhuma declaração oficial foi emitida pela PRM ou pelas autoridades eclesiásticas.
Este incidente levanta preocupações adicionais sobre a segurança das figuras religiosas em Moçambique, sobretudo num contexto de crescente tensão social e criminalidade.
Dom Inácio Saúre, conhecido pelo seu trabalho humanitário e voz ativa em defesa da paz, não se pronunciou até agora.