Um erro médico alegadamente cometido no Hospital Militar de Maputo está no centro de uma disputa judicial que pode custar ao Estado mais de 800 mil meticais. A reclamante, uma cidadã que em 2021 foi submetida a uma cirurgia para remoção de miomas, afirma que saiu da sala de operações com um “souvenir indesejado”: um pano cirúrgico esquecido dentro do seu abdómen.
Segundo o relato da vítima, apenas anos depois — após várias queixas de dores abdominais persistentes — é que o material foi detectado durante exames realizados na África do Sul, onde acabou por ser submetida a uma nova cirurgia, desta vez com custos elevados que somam mais de 800 mil meticais.
“Foi um pesadelo. Fui ao hospital para resolver um problema de saúde e saí de lá com outro ainda mais grave. Só sobrevivi graças à intervenção fora do país”, contou, visivelmente indignada.
A mulher afirma que o Hospital Militar reconheceu a gravidade do caso e prometeu abrir um inquérito interno para apurar responsabilidades. Contudo, três anos depois, nenhuma conclusão foi apresentada, nem os envolvidos foram responsabilizados.
“Não quero só justiça, quero dignidade. Fui lesada fisicamente, emocionalmente e financeiramente. É inaceitável que se brinque com a vida das pessoas assim”, reforça.
Fontes hospitalares ouvidas pela Miramar sob anonimato confirmam que houve registo do caso, mas garantem que o dossiê se encontra em análise. A Direcção de Saúde Militar ainda não se pronunciou oficialmente.
O caso reacende o debate sobre negligência médica e o direito à compensação por danos causados por instituições públicas de saúde, tema cada vez mais presente na sociedade moçambicana.