Chiúre Velho, posto administrativo localizado no sul da província de Cabo Delgado, voltou a ser palco de mais um ataque terrorista que agrava a crise de segurança e deslocamento forçado na região norte de Moçambique. O ataque, ocorrido na manhã desta quinta-feira, 24 de julho, foi perpetrado por um grupo insurgente que tem semeado o terror na província há quase oito anos consecutivos.
De acordo com relatos de sobreviventes, os atacantes chegaram ao local por volta das nove horas, fortemente armados, e abriram fogo indiscriminadamente antes de incendiarem o Comando da Polícia, o edifício da Administração local e outras infraestruturas governamentais e comunitárias.
“Eles chegaram de manhã por volta das nove horas, a disparar, e pouco depois queimaram o Comando da Polícia, o edifício da Administração e outras infraestruturas do governo. Até agora ninguém sabe se houve ou não mortes porque toda a população abandonou a aldeia”, relatou um dos sobreviventes, ainda em estado de choque.
Com o terror instalado, milhares de residentes fugiram da aldeia, em busca de refúgio e segurança. A maioria procurou abrigo na vila-sede de Chiúre, já sobrecarregada por deslocados de ataques anteriores ocorridos noutras zonas do distrito.
“Recebemos muitas pessoas do posto administrativo de Chiúre Velho e de várias aldeias ao redor, e já estamos em contacto com as organizações humanitárias para dar alguma assistência a essas pessoas que precisam mesmo de ajuda urgente”, afirmou Oliveira Amimo, Administrador do Distrito de Chiúre.
A vila-sede enfrenta agora um aumento súbito da população deslocada, agravando os desafios de acesso a água, comida, abrigo e cuidados médicos.
Apesar da violência e destruição provocadas pelo ataque, o administrador distrital garantiu que as forças de segurança já estão no terreno, com o objetivo de restabelecer a ordem e a segurança em Chiúre Velho, situado a menos de 100 km da cidade de Pemba, capital da província.
“Estamos a trabalhar para garantir a reposição da segurança na zona e dar condições mínimas às famílias que perderam tudo”, declarou Oliveira Amimo.
O novo ataque reacende o alerta sobre a fragilidade da situação humanitária em Cabo Delgado, onde persistem ataques esporádicos e a movimentação de grupos armados não-estatais. Organizações internacionais já se mobilizam para prestar apoio de emergência, mas enfrentam sérios desafios logísticos e de segurança.
Especialistas alertam que a crise em Cabo Delgado continua a exigir resposta urgente, coordenada e sustentada, com foco tanto na ajuda imediata quanto em soluções duradouras para estabilização e reconstrução.