O político moçambicano Venâncio Mondlane revelou, em entrevista exclusiva à RTP, que teme ser preso ao regressar a Moçambique, alegando ter recebido informações sobre a existência de um mandado de captura contra si.
Refugiado temporariamente na Europa, onde busca apoio político e diplomático, Mondlane reafirma que venceu as últimas eleições presidenciais, cujos resultados oficiais deram vitória a Daniel Chapo, atual Presidente da República.
“Tenho informações de que o regime prepara a minha detenção assim que eu pisar solo moçambicano. Mas não vou fugir. Não cometi nenhum crime. Lutar por justiça eleitoral não é crime”, declarou o político, visivelmente determinado.
Durante a entrevista, Mondlane não poupou críticas ao Presidente Daniel Chapo, a quem acusou de “dupla personalidade” e de não cumprir compromissos assumidos nos dois encontros privados que ambos realizaram.
“Falamos por duas vezes. Acordámos caminhos para a pacificação do país, mas nada foi implementado. Chapo diz uma coisa nas reuniões e faz outra publicamente. Isso mina qualquer tentativa de diálogo sincero”, afirmou.
Mondlane acredita que há um intento político de silenciamento por parte do poder, apontando que suas denúncias sobre fraude eleitoral e falta de transparência estão a causar desconforto nos círculos do regime.
“Não temo a prisão, temo pela democracia”
Mondlane assegura que não teme ser preso, mas receia que o seu país esteja a caminhar para um autoritarismo disfarçado. Apela à comunidade internacional, especialmente à União Europeia e às Nações Unidas, para acompanharem de perto o que chama de “deterioração do estado de direito em Moçambique”.
O líder político afirmou que continuará a sua agenda internacional nas próximas semanas, incluindo encontros com organizações de defesa dos direitos humanos, eurodeputados e moçambicanos na diáspora.
“A minha luta não é pelo cargo, é pela verdade eleitoral e pela dignidade do povo moçambicano. E essa luta não vai parar, dentro ou fora do país”, concluiu.