Depois de uma semana marcada por tensões e frustração, as avaliações trimestrais nas escolas públicas e privadas da província de Maputo foram finalmente retomadas. A pausa abrupta foi provocada por um escândalo de fraude académica, quando enunciados de exames começaram a circular nas redes sociais e em telemóveis de estudantes antes da aplicação oficial.
A Direcção Provincial da Educação, em coordenação com a Polícia da República de Moçambique (PRM), investiga agora a origem do vazamento, determinado a identificar e responsabilizar os autores do crime que colocou em causa a credibilidade do sistema de avaliação.
O caso ganhou destaque na semana passada, quando, nas manhãs de quarta e quinta-feira, provas dos primeiros e segundos ciclos foram aplicadas normalmente — mas logo se descobriu que cópias digitais já circulavam entre os alunos. A confirmação obrigou o sector da Educação a anular os exames já realizados e adiar os que estavam programados para a sexta-feira.
“Foi uma medida dolorosa, mas necessária para garantir justiça e igualdade de condições para todos”, explicou a diretora da Educação, Carménia Canda.
Durante visitas do jornal O País a algumas escolas nesta quarta-feira, foi possível perceber sentimentos divididos entre os alunos.
Alguns mostraram frustração e cansaço por terem de enfrentar novamente avaliações que já haviam concluído:
“Estou preparada para realizar o teste, mas muito triste, porque não é justo que voltemos a fazer algo que já cumprimos. Hoje devíamos estar a receber resultados, não a refazer provas”, desabafou uma estudante do ensino secundário.
Por outro lado, houve quem aplaudisse a decisão, considerando-a uma lição contra práticas desonestas:
“Para mim, foi melhor terem cancelado. Não é correto que alguns colegas usem cábulas e tenham vantagem. Espero que todos aprendam com isso e se esforcem mais”, afirmou outro estudante.
Em entrevista exclusiva, Carménia Canda garantiu que investigações já estão em curso e que novas medidas de segurança estão a ser implementadas — embora, por estratégia, nem todas possam ser divulgadas.
“Mesmo não tendo a certeza da porta de saída dessas provas, já antecipamos medidas de segurança que vão fechar o cerco e dificultar que situações como esta se repitam”, afirmou a responsável.
Segundo a Direção Provincial, entre as ações possíveis estão restrição de acesso aos enunciados, impressão próxima à hora da prova, transporte controlado e monitoramento digital.
As provas canceladas serão reaplicadas até sexta-feira, 15 de agosto, em todas as instituições de ensino da província, tanto públicas quanto privadas. As autoridades esperam restabelecer a normalidade e, ao mesmo tempo, transformar o incidente num alerta para reforçar a integridade académica.