O Presidente russo, Vladimir Putin, e o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, reuniram-se na sexta-feira, na Base Aérea de Elmendorf-Richardson, em Anchorage, Alasca, numa cimeira que terminou sem anúncios concretos para o fim da guerra na Ucrânia.
Em conferência de imprensa conjunta, sem direito a perguntas, Putin voltou a repetir um argumento já utilizado várias vezes por Trump, atribuindo a responsabilidade da invasão russa da Ucrânia ao antigo Presidente democrata, Joe Biden.
“Estou bastante seguro de que teria sido o caso. E posso confirmá-lo”, disse Putin, ao lado de Trump, sublinhando a “relação muito boa, profissional e de confiança” que afirma ter construído com o líder norte-americano.
Trump, por seu turno, voltou a referir-se ao conflito como a “guerra de Biden”, destacando que o seu antecessor “não era respeitado nem pela Rússia nem pela NATO”. Durante a campanha presidencial, o republicano tinha prometido terminar a guerra em 24 horas caso regressasse à Casa Branca, mas oito meses após a sua posse, a promessa ainda não se concretizou.
Apesar de Trump ter classificado o encontro como “extremamente produtivo”, ambos os líderes admitiram que não existe ainda um acordo fechado. Nem mesmo um cessar-fogo temporário, exigência mínima de Kyiv, foi alcançado.
Numa entrevista à Fox News, concedida logo após as conversações, Trump declarou que o desfecho da guerra depende agora do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky:
“Agora depende realmente do Presidente Zelensky para que isso seja feito. E também diria que os países europeus precisam de se envolver mais.”
Trump também admitiu concordar “em grande medida” com Putin sobre uma eventual troca de territórios entre a Rússia e a Ucrânia, hipótese rejeitada categoricamente por Kyiv até agora.
Putin assegurou que Moscovo está “sinceramente interessada em terminar” o conflito, mas voltou a condicionar a paz a garantias como a neutralidade da Ucrânia, a sua desmilitarização e a rejeição de adesão à NATO.
O Presidente russo mostrou ainda abertura para negociar as garantias de segurança exigidas por Kyiv, mas sem detalhar.
Trump, que recebeu Putin com uma receção calorosa, incluindo uma demonstração aérea de caças modernos norte-americanos, afirmou esperar que no futuro possa ocorrer um encontro direto entre Zelensky e Putin, talvez com a sua própria participação.
Putin chegou a sugerir que uma futura reunião poderia acontecer em Moscovo, hipótese que Trump não descartou.