Venezuela denuncia “ameaça bárbara” dos EUA após acusação contra Nicolás Maduro

Assembleia Nacional e governo venezuelano denunciam “ingerência grosseira” após Procuradoria-Geral dos EUA acusar Nicolás Maduro de narcotráfico e dobrar recompensa por sua captura para 50 milhões de dólares.

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A Assembleia Nacional da Venezuela (AN) e o governo de Caracas reagiram de forma contundente à mais recente ação dos Estados Unidos contra o presidente Nicolás Maduro.

Na sexta-feira, a Procuradora-geral norte-americana, Pam Bondi, acusou Maduro de envolvimento em narcotráfico e anunciou o aumento da recompensa por sua captura de 25 para 50 milhões de dólares (cerca de 43 milhões de euros). Segundo Bondi, o líder venezuelano seria “um dos maiores narcotraficantes do mundo” e “uma ameaça à segurança nacional” dos EUA.

No sábado, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, leu um comunicado oficial no qual o parlamento condena as declarações norte-americanas, classificando-as como “tentativas do imperialismo norte-americano de repetir velhas fórmulas de ingerência grosseira e ameaças inúteis para desestabilizar a paz e a prosperidade” da Venezuela.

A vice-presidente Delcy Rodríguez também reagiu, acusando Washington de tentar “criminalizar a coragem e a honra” do presidente Maduro. Em mensagem no Telegram, reforçou que “aqueles que, a partir do extremismo violento, acreditam que podem assaltar o poder político na Venezuela, irão deparar-se com um povo altamente organizado e empoderado”.

Bondi afirmou que a DEA (agência antidrogas dos EUA) apreendeu recentemente 30 toneladas de cocaína ligadas a Maduro e seus aliados, incluindo quase sete toneladas “diretamente relacionadas” ao presidente venezuelano. A acusação aponta conexões com organizações criminosas e consideradas terroristas por Washington, como o Tren de Aragua, o Cartel de Sinaloa e o Cartel de los Soles.

Segundo a AN, tais declarações fazem parte de uma “farsa” e têm como objetivo “encorajar grupos extremistas” na Venezuela e na região, retomando a violência. O comunicado parlamentar lembra ainda que Maduro foi eleito nas eleições presidenciais de 28 de julho de 2024, e que “sanções grosseiras, bloqueios criminosos ou ameaças insensatas” não irão alterar “o rumo dado pelo povo venezuelano”.

O Comandante-Geral da Guarda de Honra Presidencial e Diretor-Geral da Contrainteligência Militar, Javier Marcano Tábata, também manifestou “lealdade inabalável” e “apoio absoluto” a Maduro. Em comunicado, classificou as declarações da procuradora norte-americana como “violação do direito internacional” e “afronta à autodeterminação e à dignidade do povo venezuelano”.

O episódio é mais um capítulo nas tensas relações entre Caracas e Washington, que se deterioraram nos últimos anos com a imposição de sanções econômicas, acusações de fraude eleitoral e alegações de envolvimento de altos dirigentes venezuelanos em atividades criminosas transnacionais.
Para especialistas em geopolítica, a escalada verbal e as medidas judiciais dos EUA fazem parte de uma estratégia mais ampla de pressão política e econômica sobre o governo chavista, enquanto Caracas aposta no discurso de soberania e resistência frente ao que chama de “imperialismo norte-americano”.

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