Volodymyr Zelensky desafia Trump e Putin: “Não entregaremos nossa terra aos ocupantes”

Em meio à expectativa para a reunião histórica entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, Volodymyr Zelensky adverte que qualquer decisão sobre a guerra sem Kiev será “contra a paz” e insiste em participação europeia.

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O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, lançou neste sábado um alerta firme e direto aos líderes mundiais: qualquer tentativa de negociar o fim da guerra sem a participação de Kiev está destinada ao fracasso. A advertência veio às vésperas de uma reunião histórica entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin, marcada para 15 de agosto, no remoto estado norte-americano do Alasca.

“Qualquer decisão tomada contra nós, qualquer decisão tomada sem a Ucrânia, será uma decisão contra a paz — e nasce morta”, declarou Zelensky nas redes sociais, reafirmando que “os ucranianos não vão abandonar sua terra aos ocupantes”.

A cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin, a primeira desde junho de 2019, no Japão, reacende expectativas e tensões. Trump, que voltou à Casa Branca em 20 de janeiro, promete encerrar o conflito iniciado em 2022, mas já sinalizou que um acordo pode envolver concessões territoriais à Rússia — algo inaceitável para Kiev.

Segundo fontes da Casa Branca, Trump conversou por telefone com Putin diversas vezes nos últimos meses, mas esta será a primeira reunião cara a cara entre os dois líderes em mais de cinco anos. O Kremlin, por sua vez, não envia Putin a solo norte-americano desde 2015, quando participou na Assembleia Geral da ONU, ainda na presidência de Barack Obama.

O plano russo é claro: Moscovo quer a anexação definitiva de quatro regiões parcialmente ocupadas — Donetsk, Luhansk, Zaporíjia e Kherson —, além da manutenção da Crimeia, tomada em 2014. Exige ainda que a Ucrânia encerre o recebimento de armas ocidentais e desista de qualquer intenção de aderir à NATO.

Do lado ucraniano, as exigências são diametralmente opostas: retirada completa das tropas russas, garantias de segurança do Ocidente, fornecimento contínuo de armamento e envio de uma força europeia de proteção. Kiev também insiste em participar de qualquer mesa de negociações — algo que, até agora, não foi assegurado.

Zelensky reforçou que não basta apenas estar presente nas negociações, mas que é crucial uma participação ativa de aliados europeus. “Precisamos de uma paz real, genuína, que as pessoas respeitem. Não de um documento que beneficie agressores”, disse.

Diplomatas europeus têm expressado preocupação com um eventual acordo que sacrifiquem territórios ucranianos em troca de cessar-fogo, temendo criar um precedente perigoso para a segurança continental.

Na semana passada, Trump impôs um ultimato à Rússia para avançar nas negociações, com prazo até sexta-feira, ameaçando novas sanções caso não haja progressos. O Kremlin, no entanto, não deu sinais de recuo, apostando que uma negociação direta com Washington poderia resultar em concessões mais vantajosas do que um diálogo multilateral.

Com o encontro no Alasca se aproximando, o clima é de incerteza. Enquanto Trump e Putin se preparam para negociar a paz à sua maneira, Zelensky já avisou: qualquer tratado que ignore Kiev não será reconhecido — nem respeitado — pelo povo ucraniano.

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