As reservas obrigatórias dos bancos comerciais moçambicanos, que funcionam como depósitos compulsórios no Banco de Moçambique (BM), voltaram a cair em junho, fixando-se em 212.798 milhões de meticais (2.859 milhões de euros).
O Jornal O Observador expões que o valor representa uma descida acumulada de 27% em 2024, depois de atingir o pico histórico de 291.457 milhões de meticais (3.916 milhões de euros) em dezembro do ano passado, imediatamente antes do banco central aliviar as restrições.
Segundo o mais recente relatório do BM, em abril as reservas bancárias subiram para 227.373 milhões de meticais (3.054 milhões de euros), mas logo em maio registaram uma queda de 4,3% e em junho voltaram a recuar 2%.
A tendência confirma o impacto da decisão tomada em janeiro pelo Comité de Política Monetária (CPMO) de cortar os coeficientes obrigatórios para 29% em moeda nacional e 29,5% em moeda estrangeira, depois de um ano de sucessivos aumentos que chegaram a atingir 39% e 39,5%, respetivamente.
De acordo com o comunicado do CPMO, o corte visava “disponibilizar mais liquidez para apoiar a economia na reposição da capacidade produtiva e da oferta de bens e serviços”.
A medida respondeu às pressões dos empresários moçambicanos, que vinham alertando para a escassez de divisas no mercado interno e para as dificuldades impostas pelo elevado nível das reservas obrigatórias.
O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, afirmou em março que a situação de liquidez estava “controlada” após a redução dos coeficientes decidida em janeiro.
“Neste momento estamos tranquilos com o nível de liquidez que existe no sistema, não há necessidade de tocar na liquidez estrutural, mexendo com as reservas obrigatórias. Vamos manter. Não é uma coisa que se brinca, com os coeficientes”, sublinhou.
Nas reuniões de março, maio e julho, o CPMO preferiu atuar nas taxas de juro, deixando os coeficientes obrigatórios inalterados, justificando que a decisão anterior “libertou muita liquidez” para o sistema financeiro.