A Electricidade de Moçambique (EDM) enfrenta uma verdadeira guerra silenciosa em Sofala. Este ano, a empresa já contabiliza prejuízos superiores a 44 milhões de meticais provocados pelo roubo e vandalização das suas infra-estruturas, um cenário que ameaça a estabilidade do fornecimento de energia eléctrica e compromete investimentos no sector.
O director da EDM em Sofala, Amílcar da Barca, confirmou que foram detectadas e desactivadas cerca de 600 ligações clandestinas em diferentes pontos da província, com maior incidência nos distritos da Beira, Dondo e Nhamatanda.
“Infelizmente, o roubo de energia é uma prática cada vez mais recorrente entre alguns consumidores. Só neste ano, registámos 725 fraudes ligadas a ligações ilegais, correspondendo a perdas acumuladas de 44 milhões de meticais. Deste valor, conseguimos recuperar apenas cinco milhões, o que representa um índice de 11%”, explicou o dirigente.
As fraudes eléctricas não são apenas uma questão de perda financeira. As ligações clandestinas sobrecarregam a rede, aumentam o risco de incêndios e acidentes fatais, e afectam a qualidade do fornecimento de energia para os clientes regulares.
Nos bairros periféricos da Beira, por exemplo, não é raro ver cabos improvisados a atravessar ruas e quintais, ligando residências inteiras de forma ilegal. Este tipo de práticas, além de perigoso, reflecte um dilema social: famílias de baixo rendimento que não conseguem suportar os custos de ligação legal acabam por recorrer à fraude, agravando o círculo vicioso de perdas para a EDM.
Os 44 milhões de meticais em prejuízos representam mais do que simples números: são fundos que poderiam ser investidos na expansão da rede eléctrica, melhoria de serviços e electrificação rural.
“Cada metical perdido em fraude é um metical que deixa de ser investido em novas infra-estruturas”, frisou Amílcar da Barca, acrescentando que a EDM já encaminhou os infractores para processos legais, embora a recuperação financeira continue aquém do desejado.
Além das ligações clandestinas, a EDM enfrenta a destruição deliberada de postes, cabos e transformadores, muitas vezes roubados para a revenda ilegal de cobre. Este tipo de vandalização, além de onerar os cofres da empresa, gera apagões constantes e transtornos para milhares de consumidores.
Perante este cenário, a EDM lança um apelo à consciência colectiva, sublinhando que o roubo de energia não é apenas um crime contra a empresa, mas contra toda a sociedade.
“O consumidor que adere à fraude compromete a qualidade do serviço e coloca em risco a sua própria vida e a da comunidade. Precisamos de maior colaboração da população e de medidas legais mais firmes para travar esta prática”, alertou o director provincial.