Governo denuncia contrabando agrícola de Malema para o Malawi

45 Views
3 Min Leitura

O Governo do distrito de Malema, na província de Nampula, alerta para a existência de esquemas de contrabando de produtos agrícolas em curso na fronteira com a República do Malawi, revelando um cenário de fuga silenciosa de riqueza agrícola moçambicana para o estrangeiro.

A denúncia foi feita pelo director do Serviço Distrital das Actividades Económicas de Malema, António Ipo, que descreve o fenómeno como uma prática clandestina e bem organizada, envolvendo pequenos comerciantes emergentes e que ocorre, sobretudo, durante a noite.

“Os produtos, nomeadamente soja, milho e outros cereais, são carregados em camiões até pontos estratégicos próximos da fronteira, onde depois são baldeados e transportados em bicicletas até armazéns do lado malawiano”, explicou Ipo.

O responsável acrescenta que o esquema compromete não só a economia local, mas também o controlo estatístico da produção agrícola, já que boa parte da colheita escoa-se por vias não reguladas, sem pagamento de impostos nem contribuições para o desenvolvimento do país.

O distrito de Malema é reconhecido pelo seu potencial agrícola, com destaque para a soja e o milho, culturas que vêm crescendo com apoio de programas de extensão agrária e investimento público. No entanto, a ausência de estratégias eficazes de escoamento e comercialização legal tem empurrado produtores e intermediários para práticas informais — e agora, também ilegais.

Autoridades locais admitem a limitação de recursos humanos e logísticos para fiscalizar as rotas rurais, muitas das quais se estendem por longos troços não patrulhados.

António Ipo apela à intervenção das autoridades centrais e fronteiriças, bem como ao reforço de acções educativas junto dos produtores e comerciantes sobre os riscos e impactos do contrabando.

A fronteira entre Moçambique e Malawi é historicamente fluida e de fácil travessia, o que facilita o tráfego informal de mercadorias. Em momentos de alta produção agrícola em Nampula e de déficits alimentares no Malawi, a pressão pelo abastecimento alternativo intensifica-se, criando terreno fértil para redes de comércio paralelo.

Especialistas sugerem a criação de postos legais de comercialização transfronteiriça, que possam garantir preço justo para os produtores moçambicanos e controlo aduaneiro das exportações, contribuindo assim para a formalização do comércio rural.

Partilhar
Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *