A província de Inhambane, conhecida mundialmente pelas suas praias paradisíacas e pela riqueza cultural, prepara-se para viver um dos momentos mais marcantes da sua história recente. Com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Conselho Executivo Provincial e a MozParks Holding, ficou oficializada a criação de dois parques industriais nos distritos de Inhassoro e Jangamo.
O investimento inicial, avaliado em cerca de 2 milhões de dólares, abre caminho para um plano ambicioso que será executado de forma faseada. Mais do que um simples projeto de infraestrutura, trata-se de um plano estratégico de transformação económica, capaz de alterar radicalmente a matriz produtiva da região e colocá-la no mapa dos principais destinos de investimento industrial em Moçambique.
A seleção destes distritos não é coincidência. Eles oferecem condições ideais para atrair indústrias e investidores:
- Proximidade aos megaprojetos de gás natural que já transformam o norte de Inhambane num centro energético nacional.
- Reservas de areias pesadas e minerais estratégicos, que se conectam à crescente demanda internacional por recursos energéticos e tecnológicos.
- Acessibilidade privilegiada a portos e rodovias nacionais, que facilitam a circulação de mercadorias e a integração logística.
- Potencial agrícola fértil e diversificado, apto para alimentar cadeias agroindustriais emergentes.
- Vocação turística consolidada, capaz de impulsionar sinergias entre turismo, comércio e indústria.
Essa combinação faz de Inhassoro e Jangamo uma plataforma natural de desenvolvimento, onde diferentes setores da economia poderão dialogar e fortalecer-se mutuamente.
O governador de Inhambane, Francisco Pagula, não escondeu o entusiasmo ao rubricar o acordo. Para ele, este memorando representa um marco histórico e um passo decisivo rumo à diversificação econômica.
“Estes parques industriais não são apenas um espaço físico. Eles representam uma janela de oportunidades para micro, pequenas e médias empresas locais se conectarem às grandes cadeias de fornecimento. Este é um esforço claro para reduzir a dependência do turismo e abrir caminhos para uma economia mais sólida, diversificada e resiliente.”
Pagula frisou ainda que o plano permitirá criar empregos dignos, estimular o empreendedorismo local e oferecer aos jovens novas perspectivas profissionais.
O CEO da MozParks Holding, Onório Manuel, reforçou a ideia de que o sucesso do projeto está na sustentabilidade e na eficiência do modelo de gestão.
“Estamos a trazer para Inhambane um modelo moderno de parque industrial, onde empresas nacionais e internacionais vão operar lado a lado, beneficiando-se de infraestrutura partilhada, logística integrada e incentivos competitivos. O nosso objetivo é criar ecossistemas empresariais vibrantes.”
Como exemplo, Manuel citou o Parque Industrial de Beluluane, em Maputo, que se tornou uma referência continental: reúne mais de 70 empresas de 18 nacionalidades, emprega cerca de 10 mil trabalhadores e já atraiu mais de 3 mil milhões de dólares em investimentos.
A promessa é clara: replicar o sucesso de Beluluane e adaptá-lo à realidade e potencial de Inhambane.
As projeções são ambiciosas e tocam em áreas-chave para o desenvolvimento local:
- Geração de milhares de empregos diretos e indiretos, absorvendo mão de obra local.
- Formação técnica e profissional de jovens, preparando-os para novos setores de atividade.
- Integração de pequenos negócios e agricultores às cadeias produtivas, garantindo inclusão econômica.
- Estímulo a novos investimentos locais e estrangeiros, criando um efeito multiplicador.
- Reforço das receitas municipais e provinciais, com impacto positivo em serviços públicos e infraestruturas sociais.
O memorando estabelece a criação de uma estrutura de governança conjunta entre o Governo Provincial e a MozParks, garantindo transparência e rigor na implementação.
A infraestrutura inicial já está projetada e inclui:
- eletrificação,
- abastecimento e tratamento de água,
- acessos rodoviários e logísticos,
- áreas específicas para indústria, comércio e serviços.
O cronograma prevê que, dentro de 18 a 24 meses, os primeiros empreendimentos já estejam em operação, posicionando Inhambane como um novo motor industrial do sul de Moçambique. Embora o otimismo seja palpável, os especialistas alertam que o sucesso dependerá de fatores cruciais: execução transparente, políticas públicas firmes, incentivos adequados e monitoramento contínuo.
O governador Francisco Pagula encerrou a cerimónia com uma visão clara:
“Se formos capazes de executar este plano com rigor, transparência e visão estratégica, Inhambane deixará de ser vista apenas como um destino turístico. Tornar-se-á um referencial de industrialização sustentável, capaz de gerar riqueza e qualidade de vida para a sua população.”