Moçambique quer deixar de ser apenas um país exportador de recursos brutos e posicionar-se como um hub energético estratégico da África Austral, tirando partido da sua localização geográfica e da abundância de recursos naturais.
De acordo com a RM, o anúncio foi feito esta quinta-feira pelo Presidente da República, Daniel Chapo, durante a sua intervenção num painel sobre a Zona de Comércio Livre do Continente Africano (AfCFTA), realizado na capital argelina.
Segundo Chapo, a visão do Governo é clara: transformar o potencial em capacidade instalada. O Presidente destacou o papel já desempenhado pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), no rio Zambeze, que actualmente abastece Moçambique, África do Sul e Zimbabué.
“Queremos aumentar a capacidade da hidroeléctrica actualmente existente e avançar com um novo projecto no mesmo rio, com 1.500 megawatts adicionais, reforçando a segurança energética na África Austral”, disse o Chefe de Estado.
A nova infraestrutura será um divisor de águas para a industrialização regional, garantindo energia fiável a preços competitivos para países vizinhos.
Além da aposta nas barragens, Daniel Chapo anunciou que Moçambique pretende valorizar as vastas reservas de gás natural descobertas na Bacia do Rovuma.
Este recurso estratégico será usado não apenas para exportação, mas também para produção interna de energia e transformação industrial, num movimento que poderá colocar o país como referência da transição energética africana.
A intervenção de Chapo em Argel enquadrou-se no debate sobre como a AfCFTA pode impulsionar o crescimento inclusivo e sustentável. O Presidente destacou que sem energia não há indústria, nem comércio competitivo.
Assim, ao investir em infraestruturas energéticas de grande escala, Moçambique espera consolidar a sua posição como plataforma estratégica no corredor regional, ligando o Índico ao interior do continente.