Moçambique ergueu hoje a sua bandeira no palco da diplomacia económica internacional. O Presidente da República, Daniel Chapo, declarou, no Fórum de Parceria Económica do Oceano Índico-África, realizado à margem da 9.ª Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD 9), que o país está aberto à cooperação técnica, ao intercâmbio de conhecimento e à mobilização de financiamento climático.
De forma firme e visionária, Chapo destacou que a economia azul deve ser vista como ponte estratégica entre a prosperidade económica e a justiça ambiental, colocando Moçambique como ator-chave no futuro do comércio marítimo e da sustentabilidade africana.
Com uma costa de mais de 2.700 quilómetros, o Chefe de Estado frisou que Moçambique dispõe de vantagens logísticas únicas para se transformar num dos principais hubs portuários e comerciais do continente.
“Oferecemos oportunidades sólidas em infraestruturas ferro-portuárias, modernização dos serviços de carga e descarga, pescas industriais e artesanais, e indústrias de processamento de pescado”, declarou Chapo, perante líderes e investidores internacionais.
O Presidente foi além do diagnóstico, propondo ainda a criação de corredores marítimos regionais que conectem África Oriental ao Médio Oriente e à Ásia, uma visão que, segundo ele, poderá reduzir custos logísticos, dinamizar o comércio e reposicionar Moçambique no mapa da geoeconomia global.
Chapo sublinhou que a Estratégia Nacional de Desenvolvimento da Economia Azul não é apenas uma política económica, mas sim um instrumento de transformação social e ambiental, alinhado com:
- Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas;
- A Década da Ciência Oceânica da ONU;
- As agendas globais de pesca sustentável, adaptação climática e gestão costeira integrada.
Essa estratégia, segundo o Presidente, vai permitir a Moçambique atrair investimentos, fortalecer parcerias público-privadas e garantir que o desenvolvimento beneficie tanto as comunidades costeiras quanto a economia nacional.
Ao discursar em Yokohama, Daniel Chapo colocou Moçambique no radar das grandes potências, destacando-se como defensor de uma cooperação internacional justa e equilibrada.
“Reafirmamos o compromisso de promover fóruns bilaterais e de desenvolver projetos conjuntos que reflitam os valores da TICAD: prosperidade africana, parceria internacional e desenvolvimento centrado nas pessoas”, sublinhou o Chefe de Estado.
O evento contou com a presença de líderes africanos, empresários japoneses e representantes de instituições multilaterais, consolidando a TICAD como espaço privilegiado para discutir inovação, sustentabilidade e financiamento climático.
A intervenção de Chapo foi também um apelo directo ao investimento estrangeiro. O Presidente destacou que Moçambique oferece não apenas recursos naturais e posição estratégica, mas também uma visão de desenvolvimento inclusivo, capaz de unir crescimento económico e preservação ambiental.
Especialistas presentes consideram que a aposta do Governo moçambicano poderá transformar o país num protagonista da diplomacia marítima no Oceano Índico, ampliando a sua relevância geopolítica e comercial.