A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) lançou um forte apelo aos seus Estados-membros: assumir a liderança continental e global na transição energética. O desafio foi lançado este domingo pelo novo presidente em exercício da organização, Andry Rajoelina, durante a 45.ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo, logo após assumir a presidência rotativa da região.
Rajoelina destacou que o peso económico das energias fósseis é insustentável para os países africanos, corroendo recursos financeiros e travando o crescimento. O líder malgaxe defendeu que a aposta em energias renováveis deve deixar de ser vista como opção e passar a ser tratada como estratégia prioritária de desenvolvimento.
“É hora de África deixar de ser refém do petróleo e do carvão. Temos sol, temos vento, temos rios, temos biomassa. Precisamos transformar esses recursos em riqueza limpa, acessível e sustentável para o nosso povo”, declarou Rajoelina, num discurso vibrante que arrancou aplausos dos líderes presentes.
Entre os países da região, Moçambique surge com um papel central. O território detém um vasto potencial energético com destaque para:
- Hidroeletricidade: grandes bacias hidrográficas capazes de abastecer não só o país, mas também exportar energia.
- Energia Solar Fotovoltaica: sol abundante durante quase todo o ano, ideal para projetos de grande escala.
- Energia Eólica: ventos constantes em zonas costeiras, promissores para parques eólicos.
- Biomassa: vastos recursos florestais e agrícolas que podem ser convertidos em energia limpa.
Moçambique, se investir com visão estratégica, pode transformar-se num hub regional de energia verde, capaz de suprir as crescentes necessidades internas e ao mesmo tempo exportar eletricidade limpa para países vizinhos da SADC.
A mensagem de Rajoelina foi clara: a SADC precisa deixar de ser espectadora e assumir protagonismo. Num mundo cada vez mais pressionado pelas alterações climáticas e pela necessidade de reduzir emissões de carbono, a África Austral pode apresentar-se como exemplo global de transformação energética sustentável.
Se a visão de Rajoelina for implementada, a SADC poderá, nos próximos anos, alterar radicalmente a sua matriz energética, reduzir a dependência das importações de combustíveis fósseis e posicionar África Austral como motor de uma revolução energética limpa.
Este desafio não é apenas económico, mas também político e social. Trata-se de dar dignidade às populações, garantindo eletricidade confiável, barata e sustentável, condição indispensável para o desenvolvimento industrial, a digitalização e a modernização dos serviços públicos.