Xikhelene: Vendedores Informais Têm Sete Dias para Abandonar Zonas Proibidas

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O Conselho Municipal de Maputo deu esta semana mais sete dias aos vendedores informais da Praça dos Combatentes, popularmente conhecida como Xikhelene, para abandonarem os espaços onde exercem a actividade de forma desordenada, nomeadamente os passeios, faixas de rodagem e áreas não autorizadas para comércio.

A medida surge como parte de um esforço contínuo de reorganização urbana e formalização do comércio informal na capital moçambicana. Segundo dados da Direcção Municipal de Mercados e Feiras, estima-se que cerca de 3 mil vendedores operem naquela zona, mas até ao momento apenas 900 estão devidamente inscritos para transferência para mercados formais.

“A prorrogação do prazo visa permitir que mais operadores se inscrevam sem se sentirem pressionados ou excluídos do processo. Queremos uma transição pacífica”, afirmou Naftal Lay, porta-voz da Polícia Municipal.

O processo de transferência prevê realocação para mercados com bancas disponíveis, como os de Mazambane, Xipamanine, Chamanculo, KaMucoreano, 1.º de Junho e Compone, onde há mais de 3 mil espaços formais à disposição, garantiu o município.

Entre os vendedores informais, as reações à prorrogação do prazo são mistas.

Amélia João, vendedora de fruta, considera a decisão justa:

“Na semana passada não consegui inscrever-me por falta de tempo. Agora vou aproveitar. Espero conseguir uma banca.”

Mas nem todos partilham do mesmo otimismo. Joaquina Maúe, que comercializa hortícolas, expressou frustração:

“Já nos prometeram bancas antes, e nunca deu certo. Quando chegamos lá, dizem que está cheio. Aqui [no Xikhelene] temos movimento, vendemos, é difícil sair.”

Celeste Lucasse, vendedora de roupa usada, reconhece a importância da organização, mas questiona a viabilidade da integração nos mercados formais:

“Entendo que a cidade precisa estar limpa, mas será que os mercados têm mesmo espaço para todos? E os clientes, vão para lá?”

A Polícia Municipal esclareceu que o uso da força será considerado apenas em último recurso, caso haja resistência violenta à medida.

“O foco é o diálogo e a colaboração. Estamos a sensibilizar os vendedores a cooperar para o bem da cidade”, reforçou Naftal Lay.

A Praça dos Combatentes, situada numa das zonas mais movimentadas da capital, tornou-se nos últimos anos um centro caótico de comércio informal, com impactos negativos para a circulação rodoviária, limpeza urbana e segurança pública.

O reordenamento do comércio informal é, assim, uma prioridade do município, embora continue a enfrentar desconfiança dos operadores, muitos dos quais já viveram tentativas anteriores falhadas de integração.

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