O ambiente político aqueceu na cidade portuária de Nacala, província de Nampula, após um confronto entre membros e apoiantes da Renamo, ocorrido na última quarta-feira. A disputa, alimentada por descontentamento interno em torno da liderança de Ossufo Momade, resultou em sete pessoas feridas, duas das quais continuam internadas no Hospital Geral de Nacala.
Segundo avançou Augusto Maduco, porta-voz da unidade hospitalar, os dois pacientes internados apresentam ferimentos moderados a graves, enquanto os restantes cinco estão a receber tratamento em regime ambulatório, sem risco de vida.
Apesar da violência, as autoridades da Saúde e da Polícia confirmam que não houve vítimas mortais no incidente que expôs, mais uma vez, as tensões internas no seio da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique.

De acordo com fontes da Polícia da República de Moçambique (PRM), uma equipa de agentes foi enviada para conter os ânimos no local e garantir o restabelecimento da ordem.
Segundo o Jornal Notícias testemunhas no terreno revelaram que um grupo de mais de 15 indivíduos, identificados como antigos guerrilheiros da Renamo, dirigiu-se à sede distrital do partido em Nacala para exigir a demissão de dirigentes locais, que alegadamente representam interesses do actual presidente nacional.
“Houve uma tentativa inicial de diálogo, mas rapidamente a situação degenerou. Instrumentos contundentes foram usados e houve arremesso de objectos. Foi uma verdadeira batalha campal”, relatou um residente local que presenciou a cena.
O incidente é interpretado como um reflexo do crescente descontentamento com a liderança de Ossufo Momade, cuja eleição tem sido constantemente contestada por alas dissidentes dentro do partido, especialmente por antigos guerrilheiros desmobilizados.
“Estas divisões internas têm-se agravado com o tempo, e a situação em Nacala é apenas um sintoma de uma crise mais profunda que a Renamo ainda não resolveu”, analisou um comentador político local.
A polícia não revelou se houve detenções, mas garantiu que investigações estão em curso para identificar os autores da violência e instaurar possíveis processos criminais.
O episódio surge num momento em que o país se prepara para o ciclo eleitoral de 2025, e os partidos políticos iniciam reestruturações internas e posicionamento estratégico. A instabilidade dentro da Renamo poderá ter impactos significativos na sua capacidade de mobilização e na confiança do eleitorado, sobretudo nas regiões onde tradicionalmente detém forte influência.