Vinte dias depois de uma trégua autoproclamada, os ex-guerrilheiros da Renamo voltaram a endurecer o tom contra a liderança de Ossufo Momade. Esta segunda-feira (15), o grupo anunciou que vai retomar o encerramento forçado das sedes nacional e provinciais do partido, acusando a direcção de ignorar os seus apelos ao diálogo.
Durante o período de calma, os ex-combatentes afirmam que não houve qualquer contacto ou tentativa de aproximação por parte das estruturas do partido. “Foram dias de silêncio total”, lamentou o porta-voz do grupo, que reitera a exigência de realização urgente do Congresso Nacional e o afastamento do actual presidente da Renamo.
“Esperávamos uma abertura para o diálogo. O que recebemos foi indiferença. Não temos alternativa senão voltar à acção”, afirmou o porta-voz.
Este movimento contestatário, formado por antigos combatentes do braço armado da Renamo, tem vindo a ganhar força nos últimos meses, alegando falta de inclusão, promessas não cumpridas e autoritarismo na liderança do partido.
O episódio mais simbólico do descontentamento foi o fecho temporário das sedes da Renamo em várias províncias, ocorrido em meados de Junho, antes da trégua que agora chega ao fim.
O silêncio da liderança é interpretado pelos contestatários como sinal de desprezo político. Para analistas, a crescente tensão interna pode fragilizar ainda mais o partido, sobretudo numa altura crítica de preparação eleitoral e reorganização da oposição política no país.