No coração político da Zambézia, 25 sedes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) aguardam um novo fôlego. Após os intensos protestos pós-eleitorais, que deixaram rastros de destruição pela província, o partido no poder desde 1975 calcula que serão necessários 89 milhões de meticais – cerca de 1,2 milhões de euros – para devolver a funcionalidade e a dignidade a estes espaços.
O dirigente, que falava no domingo (10.08) após visitar algumas das estruturas atingidas, admitiu que o processo não será fácil. “O partido vive de quotas dos seus membros e este exercício não está a ser simples. Mas nós somos um partido organizado e vamos superar esta fase”, sublinhou.
“A avaliação que fizemos mostra que há sedes totalmente destruídas e outras parcialmente danificadas. Reerguer tudo isso exige um esforço enorme”, afirmou Francisco Nangura, primeiro secretário da FRELIMO na Zambézia.
As manifestações que eclodiram após as eleições transformaram-se, em alguns pontos, em confrontos e atos de vandalismo. Vidros partidos, paredes queimadas e arquivos revirados compõem o cenário encontrado por Nangura e sua equipa. Para a FRELIMO, mais do que prédios, estas sedes representam símbolos da presença e da história do partido na província.
Mesmo com as dificuldades financeiras, a reabilitação já começou. Os primeiros trabalhos decorrem em Alto Molócue e na cidade de Mocuba, onde o objetivo é garantir que as sedes possam “ir funcionando” enquanto as obras completas não chegam.
O partido também está a avaliar formas de mobilizar recursos sem sobrecarregar os militantes, apostando em contribuições voluntárias e no reforço de parcerias com simpatizantes e empresários locais.
“Queremos que os nossos militantes, simpatizantes e amigos se sintam parte desta reconstrução. As sedes não são apenas paredes; são espaços de organização comunitária e de diálogo político”, destacou Nangura.
A tarefa de recuperar as sedes vandalizadas é, para a FRELIMO, mais do que um trabalho de engenharia civil. É também um exercício de reafirmação política, de reconstrução da confiança e de preservação de um legado de quase cinco décadas no poder.
Enquanto pedreiros e pintores preparam-se para restaurar as estruturas, líderes locais terão de enfrentar um desafio paralelo: reconquistar o diálogo com as comunidades e reduzir a tensão deixada pelo último ciclo eleitoral.