Num tempo em que Moçambique ainda lambe feridas antigas e enfrenta desafios novos, a Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) atravessou os portões do Palácio da Ponta Vermelha com uma missão clara: acender a chama do diálogo e da esperança.
Liderada pelo Arcebispo de Maputo, Dom João Carlos Nunes, a delegação foi recebida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, num encontro simbólico e carregado de significado, onde temas como paz, reconciliação, desenvolvimento e juventude dominaram a conversa.
“Viemos saudar o Presidente e dizer-lhe que a Igreja está presente, com o povo e para o povo”, afirmou Dom Nunes, com um sorriso sereno e a voz firme de quem conhece as dores do seu rebanho. “Precisamos de nos dar as mãos para que, efectivamente, a paz e a reconciliação sejam mais do que palavras – sejam caminhos trilhados com justiça, escuta e compaixão”.
Os bispos falaram de uma cura que não está nas receitas médicas nem nos manuais de economia, mas sim na alma da nação: o reencontro entre irmãos, o perdão histórico e a justiça distributiva.
“Há feridas abertas, mágoas não resolvidas, divisões profundas. Mas o país precisa olhar para frente com coragem e unidade. Só com mãos dadas se constrói um amanhã melhor”, afirmou o Arcebispo, com olhar esperançoso.
No diálogo com o Chefe do Estado, a juventude surgiu como ponto de partida e de chegada. “Moçambique tem uma força jovem imensa, mas ainda invisível. Devemos educá-los, ouvi-los, dar-lhes espaço para serem líderes com valores, com fé no bem comum”, apelou a CEM.

O apelo foi claro: que o Estado não trate a juventude como problema, mas como promessa viva de um país diferente.
Na conversa, a Igreja insistiu também na necessidade de um desenvolvimento com alma. “Não basta crescer economicamente. É preciso crescer humanamente. Um país é tão rico quanto cuida dos seus mais pobres”, lembrou Dom Nunes.
A audiência, embora breve, foi intensa e fraterna. Segundo fontes eclesiásticas, o Presidente Chapo demonstrou abertura ao diálogo e valorizou a contribuição da Igreja como parceira activa na construção da paz social.
Foi um encontro de pontes – entre fé e política, entre tradição e presente, entre dor e esperança.
