O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) pediu esta terça-feira maior transparência na intervenção dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) no processo de recuperação das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). A posição foi manifestada após uma visita da bancada parlamentar do partido às instalações da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, em Maputo.
Segundo Fernando Bismarque, chefe da bancada do MDM, o encontro visou compreender não apenas o desempenho dos CFM e o seu impacto na economia nacional, mas também esclarecer o grau de envolvimento da transportadora ferroviária e portuária no resgate da companhia aérea de bandeira, mergulhada em sucessivas crises financeiras e operacionais.
Bismarque sublinhou que o partido deposita expectativas na auditoria forense em curso sobre a LAM, que deverá trazer respostas concretas quanto aos responsáveis pela gestão ruinosa da empresa aérea.
“Aguardamos com expectativa os resultados dessa auditoria, porque o país precisa de respostas claras. Queremos saber como chegámos a esta crise e quem deve ser responsabilizado. O resgate da LAM só fará sentido se for acompanhado de uma gestão transparente e rigorosa”, declarou.
A posição do MDM surge em sintonia com as exigências da sociedade civil, que tem defendido a necessidade de responsabilização administrativa e financeira dos gestores e decisores envolvidos no colapso da LAM. Organizações independentes alertam que sem transparência, o esforço de reestruturação pode transformar-se apenas numa transferência de dívidas para o Estado, sobrecarregando os contribuintes.
Embora o Governo tenha confiado aos CFM um papel crucial na recuperação da LAM, ainda persistem dúvidas sobre a sustentabilidade da intervenção. Especialistas do sector dos transportes recordam que os CFM têm como core business a gestão de portos e linhas ferroviárias, e não a aviação comercial, o que levanta questões sobre a viabilidade de longo prazo desta solução.
A LAM enfrenta há anos problemas estruturais, incluindo má gestão, frota reduzida, dívidas avultadas e concorrência desleal. A intervenção dos CFM foi anunciada como parte de um plano emergencial do Governo para evitar a falência da transportadora aérea, considerada estratégica para a integração nacional.