Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle (DW), concedida em Berlim, o político moçambicano Venâncio Mondlane reagiu às declarações do Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, que recentemente negou ter firmado qualquer acordo com Mondlane no âmbito de uma possível pacificação nacional.
Mondlane admite que nenhum documento foi assinado, mas assegura que o diálogo entre os dois aconteceu e que há testemunhas que podem confirmar o conteúdo da conversa. “É verdade que não houve papel assinado, mas houve um encontro, houve palavras trocadas e houve uma promessa. Negar isso é negar o que várias pessoas ouviram”, afirmou o político.
Daniel Chapo, em declarações anteriores, refutou qualquer acordo formal com Mondlane, suscitando especulações e dúvidas quanto à veracidade e aos contornos das conversas tidas entre os dois líderes políticos. Para Mondlane, no entanto, negar o diálogo é um ato de má-fé política.
“Negar que nos encontramos e que falámos sobre paz e reconciliação é negar o próprio compromisso com a estabilidade que Moçambique precisa neste momento delicado da sua história”, reforçou, acrescentando que espera que o Presidente “honre com atitudes aquilo que não quis reconhecer com palavras”.
Durante a entrevista, Venâncio Mondlane revelou também que pretende mudar o nome do seu projeto político, numa estratégia que visa marcar uma nova fase na sua atuação pública. Embora não tenha revelado o novo nome ou o calendário para o anúncio oficial, Mondlane adiantou que se trata de um movimento com “forte identidade nacionalista, democrática e comprometida com os direitos humanos”.
“Vamos além dos partidos. A nossa luta é por um Moçambique justo, inclusivo e respeitador das liberdades fundamentais. O nome será novo, mas o compromisso é o mesmo: servir o povo”, disse.
A partir de Berlim, onde se encontra em visita de trabalho, Mondlane apelou ao apoio da comunidade europeia para a defesa dos direitos humanos em Moçambique, particularmente no que diz respeito à liberdade de expressão, justiça eleitoral e proteção de ativistas e cidadãos vulneráveis.
“A Europa tem sido um parceiro importante para Moçambique. O que pedimos agora é coerência: que esse apoio se traduza também na exigência de respeito pelos direitos humanos e pela vontade do povo”, declarou.