A crise pós-eleitoral continua a deixar marcas profundas no sector da saúde pública da província de Nampula. Pelo menos dois centros de saúde, localizados nos distritos de Eráti e Mogovolas, continuam com as portas fechadas devido a actos de vandalismo e à insegurança generalizada vivida nas comunidades.
De acordo com Geraldino Avalinho, chefe do Departamento de Saúde Pública, embora não tenha sido divulgado o número total de unidades encerradas, estima-se que cerca de 15% das infraestruturas sanitárias da província foram impactadas, seja por danos materiais ou pelo ambiente hostil gerado nas zonas afectadas.
“Em Nanhupo Rio, distrito de Mogovolas, a unidade não foi vandalizada diretamente, mas foi cercada por destruição em sedes administrativas e postos policiais, o que criou uma sensação de pânico e insegurança para profissionais e pacientes”, explicou Avalinho.
Em Eráti, a unidade sanitária de Kutua, Odinepa, permanece encerrada, com os profissionais de saúde retirados por precaução. “Os colegas ficaram psicologicamente abalados. Por questões de segurança, decidimos afastá-los até que as condições mínimas estejam garantidas”, reforçou.
A situação está a comprometer gravemente o acesso à saúde, sobretudo em zonas rurais já carentes de infraestruturas. Com os centros de saúde inoperacionais, a população enfrenta longas distâncias para obter cuidados básicos.
Apesar do cenário preocupante, o sector da saúde está a implementar acções de diálogo e reconciliação comunitária para acelerar a reabertura gradual das unidades. A colaboração com líderes comunitários, autoridades locais e forças de segurança é, segundo Avalinho, fundamental para restaurar a confiança e proteger os serviços de saúde.
“A unidade sanitária é património de todos. Pedimos à população que ajude a proteger o que é seu”, apelou o responsável.
A expectativa é que, com a estabilização do ambiente nas comunidades, as unidades encerradas sejam reativadas, reduzindo o raio de desassistência e restaurando o direito básico à saúde.