A classe de enfermeiros moçambicanos manifestou hoje, em encontro com o ministro da Saúde, Ussene Isse, diversas inquietações que afectam a qualidade dos serviços prestados à população. Entre os problemas apontados destacam-se a escassez de equipamentos hospitalares, falta de material de protecção individual (EPI), insuficiência de medicamentos adequados para o tratamento dos pacientes e a estagnação das progressões de carreira.
De acordo com os profissionais, estas dificuldades comprometem directamente o atendimento nas unidades sanitárias, colocando em risco não só os doentes, mas também a segurança dos próprios enfermeiros.
Os representantes da classe sublinharam que a resolução destas questões passa pela implementação de políticas de valorização dos profissionais de saúde, com investimentos consistentes em infra-estruturas, medicamentos e condições laborais.
“Não podemos continuar a enfrentar epidemias, emergências e longas jornadas de trabalho sem meios adequados. Precisamos de dignidade, reconhecimento e melhores condições para servir o país com qualidade”, declarou um enfermeiro durante o encontro.
Em resposta, o ministro da Saúde reconheceu os problemas apresentados e garantiu que o Governo está a trabalhar para ultrapassá-los de forma gradual, lembrando que o sector abrange mais de 75 mil profissionais de saúde, dos quais 22 mil são enfermeiros.
Ussene Isse reforçou a importância de manter a cooperação entre Governo e profissionais para a construção de um sistema de saúde resiliente e de qualidade. Contudo, deixou também um recado firme:
“Precisamos de trabalhar juntos para melhorar, mas não podemos permitir comportamentos que mancham a classe, como o roubo de medicamentos ou o mau atendimento aos doentes”, sublinhou o ministro.
A classe de enfermeiros, que representa a espinha dorsal do sistema nacional de saúde, tem sido particularmente sobrecarregada nos últimos anos, face a surtos de doenças como cólera, malária, mpox e a recente pandemia da Covid-19.