PRM desmantela armazém clandestino de medicamentos em Murrupula

Em Murrupula, a PRM descobriu um armazém clandestino de fármacos desviados do Sistema Nacional de Saúde. Detenção acontece enquanto hospitais enfrentam escassez sem precedentes.

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Enquanto milhares de moçambicanos percorrem quilómetros à procura de um simples comprimido para aliviar a dor, em Murrupula havia uma casa onde a prateleira nunca ficava vazia. Só que, ali, o balcão não tinha placa, os preços eram negociados em segredo, e o estoque vinha do coração do Sistema Nacional de Saúde (SNS).

Foi esse endereço que a Polícia da República de Moçambique (PRM) transformou no epicentro de uma operação policial que expôs uma ferida aberta na gestão de medicamentos no país.

Na operação, agentes descobriram um verdadeiro “armazém clandestino”, escondido atrás de paredes comuns, mas recheado de caixas, frascos e blisters destinados aos hospitais. Tudo pronto para ser revendido no posto administrativo de Nihessiue — não para salvar vidas, mas para engordar carteiras.

Segundo a porta-voz da PRM em Nampula, Rosa Chaúque, o dono da casa, um homem de 43 anos, operava como se fosse um fornecedor paralelo.

“Este cidadão dedicava-se à venda ilegal de medicamentos do Sistema Nacional de Saúde. Já está sob custódia e apreendemos todos os fármacos encontrados. As investigações continuam para identificar quem mais alimenta esta rede”, revelou Chaúque, sublinhando que o comércio ilícito de medicamentos é um crime que rouba a saúde pública.

O detido, em depoimento, não se escondeu atrás de silêncio:

“Sei que é crime, mas tenho filhos no terceiro ano da faculdade. Isso ajuda a pagar as despesas. Não são medicamentos do Ministério da Saúde, e o chefe comunitário sabe que vendo.”

A confissão não só levantou sobrancelhas como também expôs uma realidade dura: o crime, neste caso, veste a capa da necessidade, mas a sua consequência veste o luto de quem fica sem tratamento.

A PRM alerta que toda a cadeia será responsabilizada e apela à população para não ser cúmplice silenciosa.

“Cada comprimido que some de um hospital é um paciente que sofre sem tratamento. Denunciem. A saúde de todos depende disso”, reforçou Chaúque.

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