A tensão aumentou na cidade da Beira após o Conselho Municipal conceder um prazo de apenas 72 horas para a remoção de barracas instaladas ao longo da Estrada Nacional n.º 6, na zona de Inhamízua. A ordem, que começou a vigorar na segunda-feira (11), prevê numa primeira fase a demolição de cerca de 40 estruturas.
De acordo com a edilidade, a medida faz parte de um plano de reorganização do espaço urbano, mas os vendedores garantem que não vão sair sem resistência.
Os comerciantes consideram o prazo “irrealista” e afirmam que a área alternativa indicada pelo município carece de condições adequadas para o exercício da atividade. Alguns ameaçam impedir a ação de demolição, chegando a declarar que podem destruir as máquinas da edilidade caso as operações avancem.

“Temos famílias para sustentar. O que estão a fazer é tirar-nos o pão. Se mexerem nas nossas barracas, vamos reagir”, afirmou um comerciante.
Os vendedores afirmam possuir alvarás válidos e que já interpuseram recurso junto do Tribunal Administrativo contra a ordem de demolição. Segundo eles, o Conselho Municipal não aguardou a decisão judicial e avançou com a medida, o que consideram uma violação dos seus direitos.
“Estamos dentro da legalidade e temos documentos que provam isso. Não podem agir como se a lei não existisse”, reforçou outro vendedor.
O Conselho Municipal da Beira, por sua vez, sustenta que as barracas estão a ocupar espaço público de forma irregular e que a reorganização é necessária para melhorar a circulação e a segurança na zona.
Fontes da edilidade indicam que, mesmo diante da contestação, o prazo estabelecido será mantido, podendo haver reforço policial para garantir a execução da ordem.

A zona de Inhamízua é um importante ponto de comércio informal, atendendo centenas de clientes diariamente. Muitos comerciantes alegam que a mudança para o local proposto pelo município pode significar a perda quase total da clientela, comprometendo a sobrevivência económica de dezenas de famílias.
O clima é de incerteza e tensão, e a cidade aguarda para ver se os próximos dias trarão uma solução negociada ou um confronto aberto entre comerciantes e autoridades.