As esperanças das comunidades de Pebane e Mopeia, na província da Zambézia, de verem concluídos os seus novos hospitais distritais ainda este ano sofreram um duro golpe: a suspensão das obras, motivada por um corte de financiamento dos Estados Unidos da América (EUA).
Segundo revelou o diretor do Serviço Provincial de Saúde da Zambézia, Óscar Hauade, os dois projetos, considerados estratégicos para o alargamento da cobertura e qualidade dos serviços de saúde naquela região, ficaram “em pausa” na sequência do recuo do parceiro financeiro americano, que vinha apoiando a construção das infraestruturas.
“Estamos a trabalhar com o governo central na identificação de novas fontes de financiamento para garantir a retoma e conclusão das obras”, declarou Hauade, sublinhando que os hospitais de Pebane e Mopeia são cruciais para responder às necessidades crescentes da população.
Os dois distritos, localizados em zonas de difícil acesso e com precária cobertura hospitalar, esperavam há anos por uma estrutura hospitalar condigna. As novas unidades hospitalares estavam projetadas para oferecer internamento, maternidade, serviços de urgência, farmácia, laboratório e cuidados ambulatórios.
A interrupção da construção gera preocupações em torno do futuro da assistência médica primária e especializada, num contexto em que a província enfrenta desafios como surtos cíclicos de malária, doenças diarreicas, desnutrição e dificuldades no transporte de doentes para hospitais de referência.
A paralisação das obras deixa centenas de trabalhadores temporariamente sem ocupação, bem como comunidades desapontadas, que viam nos hospitais uma esperança de atendimento mais humanizado e acessível.
Além do impacto direto na saúde pública, a medida gera insegurança quanto à continuidade de outros projetos financiados por parceiros externos, num momento em que o país enfrenta constrangimentos orçamentais e elevadas demandas sociais.
O corte de financiamento norte-americano pode estar relacionado a novas diretrizes de alocação de fundos externos, avaliações de desempenho de projetos anteriores, ou mesmo condicionalismos políticos. Contudo, até ao momento, não foram divulgadas as razões oficiais do cancelamento do apoio.
Organizações da sociedade civil têm apelado à transparência e reforço da diplomacia sanitária, defendendo que o direito à saúde não pode ficar refém de interesses externos.