Erguer uma casa segura e digna está a tornar-se um privilégio cada vez mais distante para a maioria dos moçambicanos, principalmente os jovens. Os preços dos materiais essenciais de construção — como blocos, cimento, ferro, areia e pedra — continuam a subir sem freios, dificultando a concretização do sonho da casa própria.
Segundo dados revelados no Workshop sobre Habitação Acessível para Todos, promovido pelo Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, apenas 34% dos cerca de 34 milhões de moçambicanos vivem em casas próprias nas zonas urbanas. Os restantes 66% continuam a lutar por um espaço que possam chamar de lar.
A realidade observada nos bairros da cidade e província de Maputo é dura: mesmo com políticas públicas que garantem o acesso a terrenos infra-estruturados, na prática os custos impedem o progresso. A promessa do Governo para 2025 é infraestruturar 1.700 parcelas de terra com acesso a água, energia, vias de comunicação e espaços reservados para serviços essenciais — como escolas e hospitais — numa tentativa de aliviar a pressão.
O mercado de construção sofre uma verdadeira escalada. Por exemplo:
- Bloco de 15 cm passou de 22 MZN para 23 MZN e chega a custar 25 MZN em certas zonas.
- Varão de ferro de 10 mm (importado) passou de 170 MZN para 280 MZN.
- Varão nacional foi de 170 MZN para 210 MZN.
- Ferro de 8 mm importado subiu de 135 para 180 MZN, e o local de 110 para 150 MZN.
O cimento, embora com uma promessa recente de redução de preço pela Dugongo, ainda não dá sinais de queda visível, apesar das medidas do novo Presidente da República, Daniel Chapo, para combater o alto custo de vida.
Enquanto isso, milhares de famílias continuam a adiar os planos de construção, adaptando-se a condições precárias ou recorrendo a materiais alternativos e menos seguros. A expectativa gira agora em torno das políticas governamentais — se elas serão suficientes para transformar o “direito à habitação” num direito concretizado.