Consumo de álcool leva jovens moçambicanos à hepatite alcoólica, alerta INS

Estudo do Instituto Nacional de Saúde revela que quase 30% dos jovens em Moçambique consomem álcool e muitos já sofrem de hepatite alcoólica. Especialistas alertam para os perigos do consumo precoce.

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O consumo precoce e abusivo de bebidas alcoólicas entre adolescentes e jovens moçambicanos está a atingir níveis alarmantes, com sérias implicações para a saúde pública. O alerta foi lançado pelo Instituto Nacional de Saúde (INS), na sequência de um estudo científico que evidencia o aumento preocupante de casos de hepatite alcoólica nessa faixa etária.

O estudo, baseado numa análise dos dados do Inquérito sobre a Violência contra a Criança em Moçambique (InVIC 2019), avaliou a prevalência e os factores associados ao uso de álcool e drogas em jovens entre os 13 e os 24 anos. Os resultados revelam uma prevalência geral de consumo de álcool de 29,7% e de drogas de 22,5%, com destaque para os indivíduos entre 18 e 24 anos, onde os níveis são significativamente mais elevados.

Outro dado relevante aponta que homens e jovens solteiros são mais propensos ao uso dessas substâncias, enquanto mulheres e casados apresentam taxas mais baixas de consumo.

Mas o dado mais preocupante é o impacto do consumo de álcool — especialmente de bebidas destiladas caseiras com alto teor alcoólico — na saúde hepática dos jovens. A Médica Gastroenterologista do Hospital Central de Maputo, Dra. Liana Mondlane, explicou que essas bebidas podem causar hepatite alcoólica, uma inflamação aguda no fígado que, se não tratada, pode levar à falência hepática.

“O que temos visto agora é que há cada vez mais consumo de bebidas destiladas, algumas feitas de forma caseira e com um teor alcoólico maior do que o habitual. Isto pode criar danos ao fígado, levando à inflamação aguda, que pode culminar em danos irreversíveis em que o órgão entra em falência, deixando de exercer as suas funções, o que pode ser fatal”, alertou a especialista.

A hepatite alcoólica, embora grave, tem potencial de reversão, desde que diagnosticada a tempo e, sobretudo, se o paciente adoptar a abstinência total. Segundo a Dra. Mondlane, “a recuperação do fígado é possível se a doença não estiver em estágio avançado e o tratamento for seguido com rigor.”

O INS defende que os resultados do estudo devem servir de base para o reforço urgente de políticas públicas e campanhas educativas voltadas à juventude, especialmente nas escolas e comunidades, para reduzir o acesso precoce ao álcool e às drogas.

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