Uma história que mistura dor, silêncio e um grito por ajuda, terminou na margem do Rio Limpopo, em Faratane, Xai-Xai. Uma agente da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), mulher, mãe, profissional de 51 anos, decidiu pôr fim a uma batalha interna que poucos conseguiam ver.
No último fim-de-semana, depois de tentar atear fogo ao carro do marido — um gesto desesperado que pode ser interpretado como um pedido de socorro — ela tomou a decisão fatal: atirou-se às águas do rio, mergulhando não apenas no leito do Limpopo, mas numa luta trágica contra o peso esmagador das dívidas e da angústia emocional.
Foi somente ontem, domingo (10/08), que a equipa multissectorial, formada pela Administração Marítima, Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e saúde pública, conseguiu localizar o corpo, encerrando um capítulo doloroso para a família, colegas e toda a comunidade.
O porta-voz do Serviço Nacional de Salvação Pública (SENSAP), Abel Simango, confirmou que a morte resultou de afogamento, mas o verdadeiro drama vai além dos laudos técnicos: revela a vulnerabilidade humana escondida atrás das fardas e das rotinas diárias.
Antes de desaparecer nas águas, a agente enviou uma mensagem para o marido, indicando onde poderia ser encontrada, um último ato de comunicação, um sinal de uma alma que clamava por compreensão.
Este episódio serve como um poderoso alerta para a importância do apoio psicológico e social a quem enfrenta pressões extremas, especialmente entre aqueles que diariamente cuidam da segurança da sociedade.
Em Moçambique, onde o estigma em torno da saúde mental ainda impede muitos de procurarem ajuda, casos como este destacam a urgência de políticas públicas voltadas ao bem-estar emocional e financeiro dos servidores públicos.
A perda dessa mulher valente e discreta ecoa como um chamado para todos — famílias, instituições e governos — a escutarem os gritos silenciosos que ficam por trás das aparências, e a construírem redes de apoio que possam salvar vidas antes que seja tarde demais.