Um esquema de burla envolvendo mais de cem pessoas foi desmantelado na cidade da Beira, província de Sofala, após denúncias contra um jovem de 26 anos, acusado de criar uma falsa organização não-governamental (ONG) com o único propósito de extorquir dinheiro de cidadãos em busca de emprego.
As vítimas, maioritariamente jovens e recém-formados, revelaram que foram atraídas por anúncios sedutores de recrutamento, nos quais a suposta ONG oferecia vagas de trabalho com um salário fixo de 8.500 meticais. A promessa parecia legítima: entrevistas formais, assinatura de contratos e até encontros presenciais davam um ar de credibilidade à operação.
No entanto, para garantir o “emprego”, os candidatos eram instruídos a pagar valores que variavam entre 1.500 e 5.000 meticais, supostamente destinados a custos administrativos, uniformes e formação inicial.

“Fui chamada para uma reunião, assinei um contrato e fui informada de que começaria no próximo mês. Mas depois de pagar, nunca mais me contactaram,” contou uma das vítimas, visivelmente indignada.
Para reforçar a farsa, o jovem entregava contratos falsificados, com logotipos de ONGs inexistentes ou adaptados de organizações legítimas. Em alguns casos, foram até emitidos recibos improvisados, tudo para manter a ilusão de profissionalismo e enganar ainda mais as vítimas.
Segundo relatos, o indiciado chegou a montar um pequeno escritório improvisado, que funcionava como fachada para os encontros e processos de “recrutamento”.
As autoridades já estão a par do caso e confirmam que investigações estão em curso. O jovem já foi identificado e poderá responder por crimes de burla, falsificação de documentos e usurpação de funções.
“Estamos a recolher os depoimentos das vítimas e todos os elementos de prova. Casos como este exigem firmeza para garantir justiça às vítimas e prevenir novos esquemas,” declarou uma fonte policial.

A PRM (Polícia da República de Moçambique) também deixou um alerta à população sobre o perigo de ofertas de emprego não verificadas, especialmente aquelas que exigem pagamento prévio para garantir vagas – uma prática ilegal e comum em esquemas de burla.
Enquanto o processo legal avança, as vítimas clamam por justiça e esperam o ressarcimento dos valores perdidos. Algumas famílias relataram ter vendido bens pessoais para que os seus filhos tivessem “acesso à oportunidade”, agravando o impacto emocional e financeiro causado pela fraude.