Porto da Beira: mais de 100 contentores de madeira retidos a caminho da China

Autoridades moçambicanas bloqueiam embarcação com mais de 100 contentores de madeira no Porto da Beira, destinada à China, por suspeita de contrabando e exportação ilegal de madeira em touro.

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O Porto da Beira, em Sofala, foi palco esta quinta-feira de uma operação que poderá revelar um dos maiores casos de contrabando de madeira dos últimos anos em Moçambique. Mais de 100 contentores carregados de madeira ficaram retidos após uma denúncia levantar sérias suspeitas de irregularidades na documentação e no tipo de produto a ser exportado.

O destino da carga era a China, país que continua a figurar como principal receptor da madeira moçambicana — muitas vezes extraída de forma ilegal. A embarcação que deveria transportar os contentores já se preparava para zarpar quando recebeu ordem para permanecer ancorada, até esclarecimento das autoridades.

O chefe do Departamento Central de Fiscalização de Florestas, Arsénio Chilengo, revelou que existem fortes indícios de que parte da mercadoria é madeira em touro, ou seja, troncos inteiros, cuja exportação é expressamente proibida pela lei moçambicana.

“Não podemos permitir que recursos florestais estratégicos sejam saqueados desta forma. A madeira em touro é ilegal e estamos determinados a garantir que a lei seja respeitada. A fiscalização está em curso e nenhum contentor sairá do porto sem verificação minuciosa”, declarou Chilengo.

A retenção desta carga expõe, mais uma vez, o frágil controlo sobre os recursos florestais moçambicanos. Nos últimos anos, centenas de contentores de madeira têm sido apreendidos em operações semelhantes, quase sempre ligados a empresas com capitais chineses.

Para além do impacto económico, a exploração descontrolada das florestas ameaça gravemente a biodiversidade, acelera a perda de habitats naturais e compromete a sustentabilidade ambiental de regiões inteiras.

Equipas conjuntas da Fiscalização Florestal, Alfândegas e Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) trabalham no terreno para analisar a carga. Técnicos vão avaliar se a documentação apresentada corresponde à madeira transportada e se a mercadoria cumpre os critérios de exportação.

Enquanto isso, os contentores permanecem lacrados e sob custódia no Porto da Beira, aguardando os resultados da investigação.

“Se não forem tomadas medidas firmes, Moçambique arrisca-se a ser visto como um corredor do tráfico internacional de madeira. Precisamos de demonstrar ao mundo que somos capazes de gerir os nossos recursos de forma transparente e legal”, defendeu um economista local ouvido pelo nosso jornal.

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