O domingo (10) começou como um dia comum no bairro Icídua, mas terminou em chamas e sirenes. A esquadra local da Polícia da República de Moçambique (PRM) foi alvo de um violento ataque, que resultou em destruição parcial das instalações. Segundo as autoridades, o episódio foi desencadeado por um ato de represália após a apreensão de combustível alegadamente roubado de uma empresa privada da região.
Fontes da PRM relataram que, horas antes do incêndio, agentes da esquadra de Icídua haviam conduzido uma operação para recuperar barris de combustível, supostamente desviados. A ação policial teria desagradado a um grupo de indivíduos que, pouco tempo depois, teria organizado o ataque.
A porta-voz da PRM afirmou que “a destruição foi deliberada” e que a ação colocou em risco não apenas o património público, mas também documentos e equipamentos essenciais para o funcionamento da unidade policial.
No rescaldo do incidente, as autoridades detiveram quatro jovens considerados suspeitos de envolvimento direto no incêndio e nos atos de vandalismo.
Durante a apresentação pública, todos negaram participação.
“Essas coisas não sei como iniciaram. Ouvi aqui mesmo, com os próprios polícias, que a esquadra tinha sido queimada”, disse um dos detidos, visivelmente nervoso.
Outro alegou que estava longe do local no momento do ataque e que só soube do ocorrido depois de já estar sob custódia.
“Fui apanhado sem saber o motivo. Só aqui é que percebi que estavam a dizer que eu tinha queimado a esquadra”, declarou.
A PRM mantém em aberto várias linhas de investigação, incluindo a possibilidade de planeamento prévio por parte de grupos organizados com histórico de confrontos contra operações policiais no bairro.
Segundo fontes não oficiais, o incêndio destruiu arquivos e danificou viaturas, comprometendo temporariamente o trabalho da esquadra. A corporação estuda a real dimensão dos prejuízos, enquanto reforça o policiamento na área para evitar novos ataques.
O bairro Icídua já esteve no centro de outros episódios de tensão entre a população e a polícia, principalmente em situações ligadas a operações contra furtos e contrabando. Moradores afirmam que existe “falta de diálogo e desconfiança mútua” entre as partes, o que torna qualquer operação policial mais sensível.
Enquanto os quatro jovens aguardam o desenrolar do processo judicial, a PRM reafirma o compromisso de identificar todos os responsáveis pelo ataque e garantir que atos de vandalismo contra património público não fiquem impunes.
O bairro Icídua, por sua vez, vive dias de incerteza. Muitos moradores evitam comentar o caso, temendo represálias, enquanto outros pedem maior transparência nas investigações e espaços de diálogo para evitar novos confrontos.