Nampula vive momentos de tensão institucional após a revelação do envolvimento de agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) no roubo de 56 quilogramas de ouro e quase 1 kg da preciosa gema Paraíba, ocorrido recentemente no distrito de Mogovolas.
Nesta segunda-feira (14), o Secretário de Estado da província, Plácido Nerino Pereira, manifestou profunda preocupação com o caso, classificando-o como uma ameaça séria à confiança pública nas instituições do Estado.
“É uma preocupação para a província e para todas as instituições. Precisamos aprofundar como é que isto aconteceu e quem está envolvido nisto”, declarou o dirigente, exigindo total transparência e responsabilização criminal dos implicados.
Segundo as investigações em curso, o assalto foi protagonizado por oito indivíduos armados, sendo quatro agentes da PRM e um do SERNIC, incluindo o próprio comandante distrital da PRM em Mogovolas. A pedra Paraíba, de valor elevado no mercado internacional, estava na posse de um cidadão estrangeiro, que também transportava o ouro roubado.
Estima-se que o grupo pudesse lucrar mais de 800 milhões de meticais, caso o crime não tivesse sido desvendado. As autoridades judiciais já confirmaram a detenção temporária dos suspeitos, embora alguns tenham sido misteriosamente libertos enquanto decorrem as investigações — o que gerou ainda mais indignação na opinião pública.
O Secretário de Estado foi peremptório ao sublinhar que o processo está sob alçada do sistema judicial, pedindo serenidade, mas exigindo resultados concretos. “É trabalho das instituições ligadas ao sector da justiça e da polícia, e esperamos que se apurem responsabilidades com firmeza”, afirmou.
Este episódio surge poucos meses depois de outro incidente em Dezembro de 2024, quando uma multidão saqueou uma mina durante manifestações populares, também em Mogovolas. Apesar da gravidade do caso, não houve reacção oficial por parte do Governo Provincial na altura.
Plácido Pereira reconheceu que não tinha conhecimento do incidente anterior por ter assumido funções posteriormente, mas prometeu inteirar-se de ambos os casos, num esforço para reforçar o controlo sobre as áreas mineiras e restaurar a integridade das forças de segurança.
Enquanto isso, a população de Mogovolas e do país em geral exige respostas, justiça e reformas urgentes para evitar que episódios como este voltem a manchar a credibilidade das instituições moçambicanas.