O bairro Dliwane, na localidade de Maluana, distrito da Manhiça, viveu uma madrugada marcada pelo horror. Pouco depois da meia-noite, moradores ouviram rajadas de tiros vindas da mata, após a passagem lenta de um carro que circulava em manobras suspeitas. Alguns fecharam portas e janelas às pressas, outros esconderam-se dentro das casas. O silêncio da noite foi interrompido pelo som de disparos que ecoaram várias vezes.
Na manhã de sábado, 15 de agosto, a comunidade despertou com uma cena aterradora: dois jovens caídos à beira da estrada principal, sem vida, abandonados como se fossem descartáveis. Um deles estava sem cabeça, enquanto o outro apresentava o rosto irreconhecível, completamente desfigurado pelos tiros.
O achado chocou até os mais velhos da aldeia. Famílias choravam diante dos corpos, incapazes de compreender tamanha crueldade. O medo rapidamente tomou conta de todos: ninguém sabia quem eram os autores, nem por que razão os jovens tinham sido executados com tamanha brutalidade.
“Ouvimos tiros a noite toda. De manhã, encontrámos este horror. Estamos apavorados, não sabemos quem anda por trás disto”, contou um morador visivelmente abalado.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) deslocou-se ao local e recolheu os corpos para a morgue. As autoridades confirmaram o duplo homicídio e anunciaram a abertura de um processo de investigação criminal para apurar as circunstâncias, a identidade das vítimas e a motivação do crime.
Segundo fontes policiais, o padrão de execução sugere que se tratou de uma ação premeditada e violenta, possivelmente envolvendo grupos armados ou redes criminosas organizadas que atuam na região.
O caso eleva o grau de insegurança na Manhiça, distrito que, nos últimos anos, tem registado episódios recorrentes de violência armada e homicídios de contornos obscuros. Para muitos residentes, o assassinato dos dois jovens simboliza o agravamento da criminalidade, deixando a sensação de que a vida humana está cada vez mais banalizada.
Líderes comunitários apelam às autoridades para reforçarem a presença policial e devolverem alguma tranquilidade às famílias.
Enquanto a investigação decorre, a população vive sob tensão, receosa de novos ataques. A floresta que antes servia de caminho para camponeses e estudantes tornou-se agora um símbolo de medo, onde o silêncio esconde segredos de uma madrugada sangrenta.