Estagiários obrigados a buscar água no Centro de Saúde de Magoanine-Tenda

Centro de Saúde de Magoanine-Tenda, em Maputo, enfrenta crise de oito meses sem água potável. Estagiários de enfermagem denunciam obrigação de carregar baldes da vizinhança para garantir higiene e funcionamento da unidade.

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Jovens estagiários de enfermagem no Centro de Saúde de Magoanine-Tenda, na cidade de Maputo, estão a viver uma realidade que nunca imaginaram enfrentar num estágio hospitalar: caminhar pelas ruas próximas para buscar água em baldes e bidões, a fim de garantir o funcionamento mínimo da unidade sanitária.

Segundo a TV Miramar, a crise arrasta-se há oito meses e transformou-se num fardo diário para profissionais e estudantes. No primeiro dia de estágio, os jovens foram surpreendidos com a notícia de que teriam de ajudar a carregar água da vizinhança e da secretaria do bairro de Magoanine C. Alguns relatam que receberam até ameaças de punição caso se recusassem a cumprir a tarefa.

“É chato, porque viemos aqui para estagiar e não para tirar água, mas fazer o quê?”, desabafou uma das estagiárias, visivelmente frustrada.

A diretora clínica do centro, Ancha Juma, confirmou que a crise resulta da vandalização da bomba de abastecimento, cuja última tentativa de reparação ocorreu há oito meses sem sucesso. Segundo a responsável, a responsabilidade de garantir água não recai apenas sobre os estagiários, mas é partilhada entre todos os trabalhadores através de uma escala interna.

Ainda assim, a reportagem coincidiu com um dia em que os estudantes estavam escalados para a tarefa, o que gerou indignação e debate sobre os limites das responsabilidades de estagiários dentro de uma unidade de saúde.

A falta de água já levou ao encerramento temporário de serviços no centro, sobretudo em dias críticos de escassez. Procedimentos de higienização, consultas e até pequenos tratamentos são frequentemente interrompidos, comprometendo o atendimento à população de Magoanine-Tenda e arredores.

Moradores locais dizem estar preocupados não apenas com a situação dos estagiários, mas também com a saúde pública. A ausência de água potável coloca em risco práticas básicas de higiene, num setor em que o risco de contaminação é constante.

Enquanto o impasse continua, os jovens seguem entre consultas e baldes, numa rotina que mistura cuidados de saúde com a luta diária por cada litro de água.

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