Moçambique prepara uma reviravolta no seu sistema prisional. O Governo vai construir, nos próximos cinco anos, 13 estabelecimentos penitenciários em todo o território nacional, numa tentativa concreta de resolver um dos maiores entraves à justiça e à dignidade humana: a superlotação carcerária.
O anúncio foi feito este domingo, em Maputo, pela Porta-voz do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP), Virgínia Meque, durante as comemorações dos 50 anos da instituição, na Praça dos Heróis.
Segundo Meque, dos novos estabelecimentos previstos, dez serão de nível distrital, com o objetivo de aproximar os serviços penitenciários às comunidades locais, e três de nível regional, capazes de receber detidos em trânsito, casos de alta segurança e reclusos com penas mais longas.
“Com estas infra-estruturas, esperamos aliviar significativamente a pressão sobre os actuais estabelecimentos, muitos dos quais estão a operar acima da sua capacidade instalada.” – declarou Virgínia Meque.
As cadeias moçambicanas enfrentam altos índices de sobrecarga populacional, o que dificulta não só a gestão dos reclusos como também compromete os esforços de reinserção social, segurança e respeito pelos direitos humanos.
Ao longo dos anos, várias organizações da sociedade civil têm alertado para o problema, apelando a investimentos urgentes no setor penitenciário. Este plano do governo é visto como uma resposta concreta a essas preocupações.
O anúncio acontece num momento simbólico, quando o Serviço Nacional Penitenciário celebra meio século de existência, reafirmando o seu compromisso com a reforma e modernização do sistema.
“É um marco histórico. Os 50 anos do SERNAP não servem apenas para recordar o passado, mas para construir um futuro mais justo, seguro e digno para todos os cidadãos moçambicanos”, destacou Meque.
A implementação destas novas cadeias deverá incluir não só infraestruturas modernas, mas também programas de reeducação, capacitação técnica e apoio psicológico aos reclusos, visando transformar o ambiente prisional num espaço de reconstrução humana.
Com este investimento, o Governo reafirma o seu compromisso com um sistema penitenciário mais eficaz, descentralizado e alinhado com os princípios de justiça social e respeito pelos direitos fundamentais.