Governo vai encerrar produção de xivotxongo em Moçambique para proteger jovens

O Governo de Moçambique vai avançar com o encerramento de unidades de produção de bebidas espirituosas caseiras, conhecidas como xivotxongo, por serem altamente nocivas, sobretudo entre os jovens. A decisão surge após uma sessão do Conselho de Ministros e inclui a suspensão da emissão de novas licenças e a criação de um novo regulamento para controlar a produção e venda de álcool no país.

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O Governo de Moçambique está determinado a quebrar o ciclo de produção e comercialização das populares bebidas espirituosas caseiras, vulgarmente conhecidas por xivotxongo, que têm provocado sérios danos sociais e de saúde, particularmente entre os jovens.

A decisão foi anunciada pelo porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, durante a conferência de imprensa que se seguiu à sessão ordinária do órgão executivo, realizada esta terça-feira. Segundo Impissa, será feito um estudo detalhado para avaliar o impacto destas bebidas e o seu enquadramento no contexto social moçambicano.

“O posicionamento do Governo é que se deve fechar, de facto, essas fábricas que fabricam este produto, que é nocivo. Isso não significa paralisar eventualmente uma fábrica de bebidas, mas sim eliminar a linha de produção que está a afectar a saúde pública e a juventude”, declarou.

Impissa sublinhou que o foco não está na indústria legal de bebidas, mas sim na linha de produção de substâncias altamente tóxicas e acessíveis a preços reduzidos, o que facilita o seu consumo por adolescentes e jovens adultos.

A crescente popularidade do xivotxongo — uma bebida artesanal, de produção rudimentar e teor alcoólico desconhecido — tem sido motivo de preocupação em várias comunidades. Diversos relatos apontam para casos de intoxicação, comportamento violento e até mortes associadas ao seu consumo.

Por essa razão, o Governo já iniciou campanhas para afastar os vendedores dessas bebidas das imediações das escolas, numa tentativa de proteger crianças e adolescentes do contacto precoce com o álcool e outras substâncias nocivas.

“Temos de cortar este mal pela raiz. Não podemos permitir que produtos como o xivotxongo continuem a ser vendidos a metros de escolas e locais públicos sensíveis”, reforçou Impissa.

Como parte desta ofensiva, o Ministério da Economia e Finanças suspendeu, com efeitos imediatos, a emissão de novas licenças para a produção e comercialização de bebidas alcoólicas. A medida visa travar a proliferação de estabelecimentos que operam de forma descontrolada e que contribuem para o aumento do consumo nocivo de álcool, especialmente entre os jovens.

Em nota enviada à imprensa, o ministério explica que está em curso a preparação de um novo regulamento nacional para disciplinar a produção, venda e consumo de bebidas alcoólicas.

“A nova regulamentação pretende impor critérios rigorosos e adaptar a legislação às novas dinâmicas sociais e económicas. A prioridade é a saúde pública e a segurança da nossa juventude”, pode ler-se no comunicado.

O Governo promete agir com firmeza, mas também com base em dados concretos, razão pela qual um estudo profundo sobre os efeitos e a cadeia de produção do xivotxongo será conduzido antes da implementação total das medidas.

Enquanto isso, autoridades locais e forças de fiscalização serão mobilizadas para reforçar o cumprimento das restrições já em vigor, evitando que bebidas perigosas continuem a circular impunemente nos bairros, mercados informais e arredores das escolas.

A iniciativa, embora ousada, é vista por muitos como um passo necessário para combater o consumo irresponsável de álcool e garantir um futuro mais saudável para as novas gerações.

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