Hospital Central de Quelimane abandona o papel e entra no digital para registos

Hospital Central de Quelimane deu um passo decisivo rumo à modernização: abandonou o papel e digitalizou todos os seus registos clínicos. A iniciativa promete mais agilidade, segurança e eficiência na assistência médica.

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O Hospital Central de Quelimane (HCQ), principal unidade sanitária da província da Zambézia, virou uma página histórica: os tradicionais blocos de papel e canetas foram oficialmente substituídos por computadores e sistemas digitais. O registo manual de dados clínicos deu lugar a uma plataforma informatizada, que passou a ser o único meio de registo e comunicação interna da instituição.

A transformação, em curso desde 2016, atinge agora o seu auge, com a digitalização completa dos registos clínicos, diários de enfermagem, solicitações de exames, transferências de pacientes e gestão de medicamentos. A informatização promete não só maior precisão, mas também ganhos de tempo e redução de erros comuns em processos manuais.

“Dá vontade de trabalhar! Cada actividade realizada vai directamente para o sistema e é actualizada em tempo real”, comentou um enfermeiro da unidade, visivelmente satisfeito com a nova dinâmica.

O sistema, além de eliminar a dependência do papel, resolve um dos problemas crónicos da área: a caligrafia médica. “Agora já não precisamos decifrar se o que está escrito no cardex é ‘Ceftriaxona’ ou ‘Prednisolona’. Está tudo claro no ecrã”, ironizou um técnico de enfermagem.

Segundo a direcção do hospital, a iniciativa não só representa uma melhoria na prestação de cuidados de saúde, como também contribui para a sustentabilidade financeira da instituição. O corte no uso de papel e materiais de escritório representa uma economia significativa para os cofres do Estado.

Além disso, o novo sistema fortalece a segurança da informação, reduz a duplicação de registos e permite um acompanhamento clínico mais rigoroso e actualizado dos pacientes.

No entanto, a migração para o digital apresenta também os seus próprios desafios. O principal está na formação dos profissionais, muitos dos quais pouco familiarizados com o uso de tecnologias. O Departamento de Informática do HCQ está encarregado de promover capacitações contínuas.

“Há um ditado que diz: quem não muda, é mudado. E o computador já está a mudar muita gente por aqui”, reconheceu um responsável da área técnica.

A digitalização total dos serviços insere-se num esforço mais amplo de modernização do sector da saúde em Moçambique, alinhando o país às tendências globais de digital health. A expectativa é de que outras unidades sanitárias da província possam, futuramente, adoptar sistemas semelhantes, melhorando o atendimento e a gestão hospitalar.

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