O sonho de servir Moçambique, vestir a farda da Polícia da República de Moçambique (PRM) e garantir estabilidade no futuro levou milhares de jovens a invadirem os postos de inscrição e os serviços de emissão de documentos em várias cidades do país. Apenas dois dias após a abertura do processo, a procura já superou todas as expectativas, transformando a corrida ao 44.º Curso Básico da PRM em Matalane num verdadeiro fenómeno social.
O ambiente nos centros de inscrição é de entusiasmo e sacrifício. Desde a madrugada, longas filas de candidatos tomam conta dos passeios, alguns trazendo bancos improvisados, marmitas e garrafas de água para aguentar as horas de espera.

De acordo com a TV Miramar, cada rosto reflete uma história diferente, mas todos carregam a mesma esperança: conquistar uma das 4.000 vagas disponíveis.
“Sempre quis servir a nação. Estar aqui, a competir com tantos jovens, é emocionante. Estou preparada e confiante de que vou passar”, disse Olga José, com brilho nos olhos, descreveu o momento como a realização de um sonho antigo.
Edna, estudante universitária de Direito, tomou uma decisão ousada: interromper os estudos para envergar a farda. “A polícia é uma escola de disciplina e coragem. Quero viver isso. A faculdade pode esperar, mas esta oportunidade não volta”.
Argésio Sumburane, pela segunda vez na fila, carrega um espírito de resiliência. “Falhei na primeira tentativa, mas não desisti. Estou de volta porque quero lutar contra o terrorismo e os raptos. O país precisa de jovens corajosos”.
Não são apenas os centros de inscrição que vivem dias de intensidade. Os postos de emissão de registos criminais, certificados e bilhetes de identidade também enfrentam uma pressão colossal. A procura disparou e os corredores tornaram-se palco de paciência, frustração e persistência.

Apesar do desgaste, os jovens recusam atalhos ou esquemas ilícitos. “Prefiro perder o dia todo, mas sair daqui com os documentos legais. Ser polícia exige honestidade desde o primeiro passo”, declarou um candidato enquanto esperava na fila.
Para muitos concorrentes, a PRM representa mais do que um salário estável: simboliza respeito social, disciplina, patriotismo e a oportunidade de construir um futuro digno. Em comunidades marcadas pelo desemprego juvenil e pela precariedade económica, a farda policial surge como um passaporte para a estabilidade e para um lugar de prestígio.
As autoridades garantem que o processo será transparente e meritocrático. Os candidatos terão de enfrentar provas físicas exigentes, testes teóricos, exames médicos e avaliações psicológicas.

O desafio logístico é imenso. Organizar milhares de jovens em simultâneo exige coordenação apertada, mas também revela um dado importante: a juventude moçambicana continua a acreditar no Estado como espaço de oportunidade.
Com inscrições abertas até 30 de Setembro, a expectativa é de que o número de concorrentes ultrapasse largamente as vagas disponíveis, intensificando a competição e elevando ainda mais o valor simbólico de cada lugar conquistado.