A madrugada de terça-feira ficou marcada por um cenário de tensão no bairro Zintava, distrito de Marracuene, onde pelo menos quatro residências e diversas obras em curso foram demolidas pelas autoridades municipais.
As construções erguidas numa quinta supostamente usurpada no contexto das manifestações pós-eleitorais não resistiram à intervenção dos fiscais municipais, que avançaram com retroescavadoras e equipas de segurança para executar a ordem de demolição.
Entre os destroços ainda é possível ver paredes derrubadas, chapas amassadas e material de construção espalhado. Demarcações improvisadas com troncos, estacas e blocos de cimento denunciam a tentativa dos ocupantes de transformar o espaço em zona habitacional.
De acordo com o Jornal Notícias, os moradores vizinhos, visivelmente apreensivos, preferiram não se pronunciar diante das câmaras, mas alguns confidenciaram que o processo foi rápido e sem qualquer aviso prévio.
Tentativas de obter esclarecimentos junto ao vereador de Infra-estruturas e Mobilidade do Município de Marracuene, Aníbal Bechel, não tiveram sucesso, deixando várias perguntas sem resposta:
- Havia autorização formal para a intervenção?
- Foram os ocupantes notificados previamente?
- Que destino terá agora o espaço demolido?
O bairro Zintava tem sido um dos pontos sensíveis desde as últimas manifestações pós-eleitorais, onde várias áreas de terreno foram ocupadas irregularmente por famílias em busca de abrigo. O episódio reacende o debate sobre a gestão da terra urbana em Marracuene e o dilema entre o direito à habitação e a necessidade de respeitar o ordenamento territorial.
Até ao fecho desta edição, não havia informações sobre a realocação das famílias afetadas nem sobre eventuais medidas de compensação.
Enquanto isso, cresce a pressão para que o município esclareça os critérios da operação, num momento em que a tensão social ainda pulsa em Marracuene.